Vagner Zen é o pioneiro da Serra Gaúcha na Inclusão de Ouro e disputará a final em Esteio em 2025
Cadeirante desde os 17 anos, Vagner Zen disputará a final em outubro de 2025, integrando a Semana do Cavalo, ao lado de outras provas importantes, como o Freio de Ouro e a Doma de Ouro O último sábado foi um marco para a Serra Gaúcha no universo do Cavalo Crioulo.

Cadeirante desde os 17 anos, Vagner Zen disputará a final em outubro de 2025, integrando a Semana do Cavalo, ao lado de outras provas importantes, como o Freio de Ouro e a Doma de Ouro
O último sábado foi um marco para a Serra Gaúcha no universo do Cavalo Crioulo. Vagner Zen, cadeirante e apaixonado pelo tradicionalismo gaúcho, conquistou a classificação para a final da Inclusão de Ouro em 2025, que ocorrerá durante a Semana do Cavalo, em Esteio. Ele foi o primeiro competidor da região a participar desta modalidade, em evento promovido pelo Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos dos Vinhedos (NCCC Vinhedos), realizado em Caxias do Sul.
A etapa em Caxias foi histórica: tratou-se da primeira prova da Inclusão de Ouro promovida na região. A modalidade, que integra o circuito do Freio de Ouro, busca fomentar a participação de pessoas com deficiência física ou cognitiva nas atividades com o Cavalo Crioulo. Com categorias A, B, C e D, o regulamento avalia os competidores de acordo com suas capacidades de equitação e equilíbrio, proporcionando percursos adaptados e avaliados por jurados especializados. Vagner Zen competiu na categoria C, destinada a pessoas com lesões mais altas, que enfrentam maior dificuldade de equilíbrio.
Durante a prova, Vagner montou o cavalo Impulso do Parque, de propriedade de Ronei Biazus. O treinamento foi conduzido por Bruno Ártico, da Cabanha Maritaca, que não apenas treinou o cavalo, mas também preparou Vagner para a competição. “O Bruno foi fundamental nesse processo, dedicando dias de treinamento intensivo com o cavalo. Ele e o Ronei fizeram a diferença e me ajudaram a estar pronto para essa conquista tão importante”, destacou Vagner.
História de superação e paixão pelo Cavalo Crioulo
Vagner Zen, hoje com 42 anos, é paraplégico desde os 17, após sofrer um acidente que causou lesão na coluna cervical (C6 e C7). Natural de Caxias do Sul, ele cresceu em meio aos rodeios e começou a laçar aos oito anos de idade. No entanto, seu acidente o afastou do mundo dos rodeios por 24 anos.
“Esses 24 anos foram de sonho. Eu tinha medo de voltar, mas, com apoio dos amigos, mandei fazer uma sela especial com encosto e retomei essa paixão há três anos”, contou Vagner, que é pai de um menino de 10 anos, formado e atua com gestão de tráfego.
A Inclusão de Ouro surgiu como uma oportunidade para ele não apenas voltar às competições, mas também contribuir para a inclusão e representatividade de pessoas com deficiência no tradicionalismo gaúcho. “O objetivo é mostrar que a inclusão é possível e incentivar outras pessoas com deficiência a participarem. Fico muito grato em poder divulgar isso e fomentar essa atividade tão importante para a nossa cultura”, destacou.
O papel do NCCC Vinhedos e o futuro da Inclusão de Ouro
O evento, por sua vez, foi organizado pelo Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos dos Vinhedos, uma entidade que promove e fomenta a cultura equestre na região. De acordo com Fernanda Maggi, coordenadora do projeto, a Inclusão de Ouro representa um divisor de águas no meio tradicionalista. “É uma prova pensada, acima de tudo, para promover a inclusão, dividida em categorias que respeitam a capacidade de cada competidor. Além disso, a etapa de Caxias do Sul abriu caminho para que a região seja representada na final em Esteio no próximo ano”, afirmou.
Vale destacar que a final será realizada em outubro de 2025, integrando a Semana do Cavalo. Durante o evento, outras provas importantes também serão realizadas, como o Freio de Ouro e a Doma de Ouro. Por fim, a inclusão de atividades voltadas a pessoas com deficiência é uma iniciativa pioneira, que une esporte, tradição e acessibilidade.
Sonhos realizados e um chamado à inclusão
Vagner Zen, além de conquistar sua vaga em Esteio, também inspirou a região com sua história de resiliência e determinação. Por isso, ele se destaca como um exemplo de como a inclusão pode, de fato, transformar vidas e fortalecer o vínculo entre cultura e acessibilidade. “Meu maior sonho era voltar a competir e, agora, estou levando o nome da Serra Gaúcha para a final. Além disso, quero que outras pessoas também vivam essa experiência”, concluiu.