Sem médico obstetra, filhos de são-marquenses vão nascer em Farroupilha
Medida passa a valer hoje e afeta gestantes atendidas pelo SUS no município.

Medida passa a valer hoje e afeta gestantes atendidas pelo SUS no município. Valor da tabela nacional para partos e constantes críticas aos profissionais são agravantes que afastam os médicos de cidades como São Marcos
Nesta quinta-feira a prefeitura de São Marcos anunciou que a partir deste 1º de abril, os atendimentos de obstetrícia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) não serão mais realizados no Hospital Beneficente São João Bosco e passam a ser feitos no Hospital Beneficente São Carlos, em Farroupilha.
Acontece que no início de março o Hospital São João Bosco enviou ofício para a Secretaria Municipal de Saúde informando que não mais conseguiria “contratar médicos obstetras para atender pacientes SUS”.
Hoje há média de oito nascimentos por mês pelo SUS em São Marcos. As gestantes estão sendo avisadas a medida que fazem as consultas do pré-natal sobre o novo local para o nascimento de seus filhos e, inclusive, serão levadas, mediante agendamento, até Farroupilha para conhecer a infraestrutura. Caso esse que se repetirá com todas as grávidas que quiserem conhecer o Hospital em Farroupilha e a estrutura oferecida antes do parto.
A Secretaria Municipal de Saúde ficará responsável pelo transporte da gestante e seu acompanhante até Farroupilha, e o parto será realizado lá.
Conforme o Hospital São João Bosco, o motivo do não atendimento para casos de obstetrícia em São Marcos é exclusivamente devido à falta de profissionais: “mesmo com valores acima da média, não existem profissionais que queiram realizar esse plantão de sobreaviso ou trabalhar para o SUS”, justificou o diretor do Hospital, Rogério Soldatelli.
Em entrevista à uma rádio local esta manhã Rogério também agregou a falta de obstetra em São Marcos aos ataques constantes que os profissionais da saúde sofrem por parte da população. Vale destacar que há poucos dias uma profissional obstetra pediu afastamento justamente por ter sido alvo de acusações levianas em redes sociais. Conforme Rogério, esta é a primeira vez que o Hospital fica sem atendimento nessa área.
Conforme a 5ª Coordenadoria Regional da Saúde ao SMO, esta manhã, o fato não é peculiaridade de São Marcos e gira em torno do interesse do médicos tendo em vista a Tabela SUS, sendo que há disputa de vagas nos grandes centros e baixa procura nos município menores, onde há pouca demanda de partos.
A tabela do SUS, que prevê valores de remuneração para cerca de 4,6 mil procedimentos médicos, desde atendimentos ambulatoriais até cirurgias mais complexas, como transplantes sofreu o último reajuste em 25%, ocorreu em 1996. Após esse abono, o único aumento na tabela foi em junho de 1998, justamente para partos, que tiveram aumentos de 30% a 50%.
Enquanto um parto na rede privada custa em torno de R$ 2.500, sem considerar os honorários, na tabela SUS o valor é próximo de R$ 700 com o pagamento de profissionais da saúde incluso.