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Saúde e bem-estar na carreira docente

Estudos apontam que a carreira docente está entre as que mais provocam afastamento do trabalho por problemas de saúde Josiane Parizotto Professora do Ensino Fundamental Em artigo publicado por Assunção (2009) há a indicação de que as mudanças nas políticas públicas educacionais causaram impactos na organização escolar.

Atualizado em 11/04/2022 às 14:04, por Equipe SMO.

Saúde e bem-estar na carreira docente

Estudos apontam que a carreira docente está entre as que mais provocam afastamento do trabalho por problemas de saúde

Josiane Parizotto

Professora do Ensino Fundamental

Em artigo publicado por Assunção (2009) há a indicação de que as mudanças nas políticas públicas educacionais causaram impactos na organização escolar. Novas demandas surgiram com a universalização do acesso a escola e nem sempre o professor está preparado para atendê-las. Conforme a pesquisadora 

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Diante da ampliação das demandas trazidas pelas políticas mais recentes, o professor é chamado a desenvolver novas competências necessárias para o pleno exercício de suas atividades docentes. O sistema espera preparo, formação e estímulo do sujeito docente para exercer o pleno domínio da sala de aula e para responder às exigências que chegam à escola (ASSUNÇÃO, 2009, p7).

 Nos estudos de Mendes (2011) e Silva (2006) aparecem relatos referentes a Síndrome de Bournout, definido como

[…] o burnout, concebido como síndrome da desistência, relacionado à dor do profissional que perde sua energia no trabalho, por se ver entre o que poderia fazer e o que efetivamente consegue fazer. De fato, a realidade vivida pelos professores, nos últimos tempos, depõe sobre o crescente aumento do índice de burnout entre os docentes, em grande parte devido às condições de trabalho. (SILVA, 2006, p. 90).

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Sabemos da complexidade e dos desafios encontrados no processo de ensino-aprendizagem. Segundo Assunção (2009) entre os agravantes que comprometem a saúde do professor estão a intensificação do trabalho caracterizada pela maior pressão temporal, aumento da quantidade de tarefas a cumprir, excesso de expectativa por parte da gestão e pais e trabalho extraclasse. A intensificação no trabalho associado ao adoecimento tem relação com a vontade de bem fazer o seu trabalho, o que além de comprometer a saúde dos docentes coloca em risco a qualidade da educação.

As condições de trabalho nas escolas nem sempre é a ideal. Podemos citar o excesso de carga horária, o trabalho extraclasse, o número elevado de alunos. Conforme dissertação de mestrado de Aline Rocha outros fatores que desencadeiam a síndrome de Burnout estão “a violência escolar (tanto simbólica como real), a burocracia instituída como parte do trabalho, falta de autonomia e participação no planejamento escolar; baixos salários e falta de perspectiva de ascensão na carreira, formação insuficiente” (CODO, 1999 apud MENDES). O afastamento do trabalho é outro fator relacionado às condições de trabalho escolar. 

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Percebe-se que, nos últimos anos ocorre, em um crescente, a situação de um número elevado de professores que solicita licença para tratamento de saúde. Esta circunstância é um fenômeno mundial, sendo que a profissão docente é uma das que gera mais afastamentos do trabalho por motivo de doença (MENDES, 2011, p.12).

Acredito que a saúde dos professores fica comprometida devido aos fatores citados e que existe o pensamento de que somente as crianças precisam de cuidado. Certamente a fragilidade esta associada à infância, porém, o professor no papel de educador/cuidador também deverá ser valorizado e cuidado para que isso se reflita no seu trabalho.

A valorização da profissão

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As questões relacionadas à promoção de saúde e bem-estar na equipe docente é apenas uma das dimensões que a valorização da carreira assume.  Entende-se por valorização da carreira docente,  questões relativas à formação inicial e continuada, salários justos, condições de trabalho, disponibilidade de recursos e materiais didático pedagógico, plano de carreira do magistério, prestígio social da profissão, entre outros.

 Existe atualmente nas escolas uma cultura de extrema cobrança da parte de pais e responsáveis e como enfatiza Assunção (2009, p.357) “de acordo com os professores, os pais hoje valorizam mais a educação e são mais exigentes. Contraditoriamente, no entanto, valorizam menos os professores e têm menos tempo para educar e acompanhar os filhos”.

O reconhecimento dos conhecimentos inerentes à prática pedagógica é uma dimensão da valorização da carreira, e isso dará resultados diretos na sala de aula, uma vez que professores motivados e preparados contribuem na formação da cidadania, segundo Veiga

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A qualidade do ensino ministrado na escola e seu sucesso na tarefa de formar cidadãos capazes de participar da vida socioeconômica, política e cultural do país relacionam-se estreitamente a formação (inicial e continuada) condições de trabalho (recursos didáticos, recursos físicos e materiais, dedicação integral à escola, redução do número de alunos na sala de aula), remuneração, elementos esses indispensáveis à profissionalização do magistério (VEIGA, 1995, p.19-20).

Sabendo das exigências impostas pela carreira docente, afinal são muitas as responsabilidades envolvidas no processo de ensino, pensar no bem-estar do profissional torna-se questão urgente, por parte da gestão escolar, das políticas públicas, e principalmente partir das próprias professoras.  Por isso, o bem estar físico e emocional de todos é importante, para que as escolas se tornem de fato um local agradável, de aprendizagens e de convívio prazeroso. Segundo pesquisa de Aline Rocha Mendes 

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Mesmo com perspectivas profissionais tão adversas, por que ainda encontram-se pessoas que almejam esta carreira? Provavelmente esta escolha esteja ligada ao fato do professor ter o poder sobre o seu saber e o saber-fazer, levar as novas gerações a conhecer o mundo, a vida e a si mesmos é uma tarefa encantadora! (MENDES, 2011, p.24).

É importante considerar a carreira docente como profissão que exige estudo, pesquisa e ética profissional, desfazendo o senso comum que percebe a docência como vocação ou dom. Embora todos os desafios citados, a educação transforma, e que para isso de fato aconteça, o professor tem de fortalecer sua identidade profissional, sentir-se confiante e seguro diante da complexidade vivida. 

REFERÊNCIAS

ASSUNÇÃO Ada Avila, OLIVEIRA, Dalila A. Intensificação do trabalho e saúde dos professores. Educ. Soc., Campinas, vol 30, n. 107, p. 349-372, maio/ago. 2009.

Disponível em

_______ O professor, as condições de trabalho e os efeitos sobre sua saúde.

Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 189-199, maio/ago 2005. Disponível em: http// www.scielo.br/pdf/ep/v31n2/a03v31n2.pdf. Acessado em 09 de novembro de 2014.

_______,Saúde e mal-estar do(a) Trabalhador(a) Docente. VII Seminário  redestrado – Nuevas Regulaciones en América Latina Buenos Aires, 3, 4 y 5 de julio de 2008. Disponível em:  http//mural.genialbox.com/saudeprofessores/lib/docs/Assuncao_2008.pdf. Acessado em 06 de novembro de 2014.

BRASIL, Brasil. Referencial curricular nacional para a educação infantil /Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998.

_______, Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia. Resolução NNE/CP 1/2006. Diário Oficial da União, Brasília, 16 de maio de 2006. Disponível em: http// portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pcp05_05.pdf. Acesso em: 18 de nov. 2014.

MENDES, Aline Rocha. Saúde docente: uma realidade detectada – em direção ao bem-estar e a realização profissional. Porto Alegre, 2011. 117 f.

Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, PUCRS, 2011. 

SILVA, Maria Emília P. Burnout: por que sofrem os professores? Estudos e pesquisas em psicologia, UERJ, RJ ano 6, n. 1, 1º semestre de 2006 – Disponível em: http//www.revispsi.uerj.br/v6n1/artigos/PDF/v6n1a08. Acessado em: 06 de novembro de 2014.

SOARES, Marco Aurélio Silva. O pedagogo e o trabalho pedagógico [livro eletrônico], 2 ed. Curitiba: InterSaberes, 2014.

VEIGA, Ilma P. Alencastro. Projeto político- pedagógico da escola: uma construção coletiva, 19ª edição, 2005. In: Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. Campinas-SP: Papirus, 1995.