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São Marcos – 60 anos para celebrar com gratidão

Em outubro o município completa 60 anos e para comemorar, o Portal São Marcos Online convidou o historiador Robson Cioato para narrar essa trajetória.

Atualizado em 11/08/2023 às 14:08, por Equipe SMO.

São Marcos – 60 anos para celebrar com gratidão

Em outubro o município completa 60 anos e para comemorar, o Portal São Marcos Online convidou o historiador Robson Cioato para narrar essa trajetória. Hoje publicamos o terceiro de uma série de textos retratando os primórdios dessa história

No início da década de 50, os são-marquenses andavam desgostosos com a administração e o cuidado que Caxias do Sul dedicava para São Marcos, não para menos, os residentes da época não ficaram nada contentes com a fala do prefeito de Caxias do Sul à época, Luciano Corsetti, durante uma visita a São Marcos. Passava-se em 1950 mais de dois anos da administração de Corsetti, e somente uma vez aqui ele esteve nesse período. Durante a visita, onde também estiveram presentes os vereadores Rubem Bento Alves e Humberto Bassanesi; Manoel Ramos de Castilhos em seu discurso frisou por melhorias, enquanto Corsetti em sua fala fez uma breve exposição econômica e concluiu que “São Marcos já recebia bem mais do que dava”. As palavras, embora ouvidas com máximo respeito, não satisfizeram os são-marquenses que tinham plena consciência do seu valor econômico e sabiam o progresso que o trabalho daqui trazia ao município. Meses depois, quando as esperanças de São Marcos vinham a findar, uma patrola roncou alargando as ruas, abrindo avenidas e ampliando o campo de esportes.

Inauguração do Monte Calvário no dia 27 de abril de 1952. Arquivo

Nesta mesma época, Monsenhor Henrique Compagnoni lançou ao ponto mais alto do morro que hoje conhecemos como Calvário, a pedra fundamental para o monumento ao Cristo crucificado que até hoje é um marco identificador do nosso município. O terreno havia sido adquirido de José Zielak ainda em 1919, e com o auxílio e graça de muitos residentes na época a obra logrou tanto êxito que posteriormente o Monsenhor decidiu construir mais 14 capelas na subida do referido monte. Durante os finais de semana era comum que as pessoas passassem entre as pedras da estrada que levava ao topo do morro para averiguar o andamento da construção e apreciar a vista da cidade.

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O monumento de cerca de 36 metros de altura, construído pela empresa Segalla e Rossi LTDA. foi inaugurado no dia 27 de abril de 1952, contanto com a presença de mais de 5 mil pessoas, estando entre eles o governador do estado Ernesto Dorneles e o Bispo de Passo Fundo D. Claúdio Colling.

Trecho da Av. Venâncio Aires na década de 50, em frente ao antigo Cine Ipiranga está o carro de Alberto Toresini. Arquivo

Se torna praticamente impossível falar no Monte Calvário e na evolução histórica de São Marcos, sem falar na figura de Monsenhor Henrique Compagnoni, visto que o mesmo também acompanhou muitas fases do desenvolvimento de São Marcos, como a Construção da Casa Canônica em 1915, da segunda Igreja Matriz em 1920 e da instalação do Hospital São João Bosco. Ainda assim, após a sua morte, ocorrida em São Marcos no dia 27 de outubro de 1971, malévolas mentes espalharam na cidade que o desejo do Monsenhor seria o de ser sepultado no Monte Calvário, e caso o contrário ocorresse, três grandiosas pragas assolariam a cidade. O boato foi rapidamente desmentido por Dom Paulo Moretto que escreveu o seguinte:

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[…] Quem conheceu Mons. Henrique Compagnoni sabe que jamais ele faria um pedido dessa natureza […] Mons. Henrique Compagnoni escreveu seu testamento em tom muito humilde. Nele, nada consta com sepultamento no Calvário, e se o quisesse, o teria pedido por escrito” […]

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Foi também nessa década, mais precisamente no governo de Euclides Tiches em Caxias do Sul, que as primeiras ruas centrais da cidade foram pavimentadas com paralelepípedos. Segundo jornais da época, em 1952 São Marcos possuía cerca de 6 mil habitantes, e em média 15 industrias e 10 casas comerciais. São Marcos caminhava a passos lentos e com uma grande fé para a administração política administrativa, que finalmente aconteceria anos mais tarde graças ao trabalho e a luta de muitos moradores, esses sem exigir nada em troca, batalharam para que a cidade fosse emancipada de Caxias do Sul e tivesse intenso progresso, espalhando pela serra o aroma dos frutos e das flores que aqui foram plantados, afinal, como afirmava Monsenhor Henrique Compagnoni:

Devemos, meus caros amigos, ser semelhantes ás flores odoríferas que espalham ao longe seu perfume e que mesmo escondidas se fazem pressentir; as virtudes são por natureza, comunicativas e difusivas; ninguém é bom somente para si.

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Robson Cioato é professor, historiador e pesquisador na cidade de São Marcos, formado em Licenciatura Plena em História e acadêmico Imortal na Academia Luso-Brasileira de Letras do Rio Grande do Sul (A.L.B.L).