Proibido Estacionar: confusão entre presidente da Câmara e secretário de Obras expõe fragilidade sobre autonomia do Legislativo
.

Discussão entre Brochetão e Juca expõe problema no uso das vagas do Centro Administrativo e reacende debate sobre a autonomia da Câmara
Um episódio envolvendo o presidente da Câmara de Vereadores de São Marcos, Antônio Luiz Brochetto (PDT), e o secretário municipal de Obras, José Osvaldo Diemer de Camargo (PP), o Juca, veio a público nesta semana e ganhou repercussão após declarações do vereador durante a sessão ordinária da última segunda-feira, dia 26. O desentendimento, que envolve a retirada e quebra de uma placa de “Proibido Estacionar” instalada na entrada da Câmara, uma seman antes, escancarou uma disputa que vai além de uma vaga de estacionamento: evidencia problemas antigos quanto à organização do estacionamento no Centro Administrativo e à autonomia da própria Casa Legislativa.
Durante suas explicações pessoais, Brochetto relatou um ato que classificou como “vandalismo” e “desrespeito”, atribuindo diretamente a Juca, que além de secretário, é vereador licenciado. Segundo ele, a placa, instalada a seu pedido pela Secretaria de Serviços Públicos, visava coibir o estacionamento na entrada da Câmara — espaço que tem um rebaixe na calçada, usado como acesso.
“Um ato de vandalismo praticado por um secretário municipal, que foi vereador e deveria dar exemplo. (…) Essa placa foi colocada na segunda-feira, por volta das 14h, e na manhã de terça o secretário arrancou e quebrou, e ainda deixou o carro dele estacionado na porta da Câmara”, desabafou Brochetto durante a sessão. Ele relatou ainda que procurou o prefeito, que teria se comprometido a resolver a situação, chegando a determinar que o veículo fosse retirado e a placa recolocada.
Brochetto também fez duras críticas à atuação de Juca na função de secretário, citando outros episódios, como uma intervenção em frente ao Ministério Público que, segundo ele, teria sido feita sem licença ambiental e gerado despesas públicas, além do episódio envolvendo a venda de queijos artesanais da Feira da Terra.
O outro lado
Procurado pela reportagem do São Marcos Online, o secretário Juca confirmou que retirou a placa, mas minimizou a situação. “Nos últimos anos estive como vereador por quatro anos e sempre estacionei minha caminhonete ali, na porta, e nunca atrapalhou ninguém. Semana passada deixei ali novamente para uma reunião na prefeitura, e os servidores da Câmara me pediram para tirar porque havia uma placa recém colocada pelo presidente Brochetto. Fui lá, tirei, e tivemos uma breve discussão por telefone mesmo”, relatou.
Ele também criticou o que considera “uso indiscriminado” das vagas de estacionamento no Centro Administrativo, alegando que muitos servidores ocupam espaços que deveriam ser destinados exclusivamente a veículos oficiais ou de trabalho. Além disso, reforçou que o prédio da Câmara está em espaço cedido pela prefeitura, e que, portanto, não haveria direito por parte do Legislativo de restringir o uso, em suas palavras.
Mais do que uma placa, um problema antigo
O episódio, que expôs de forma pública um atrito pessoal entre dois veteranos da política local, traz à tona uma discussão maior, que envolve tanto a necessidade de reorganização das vagas no entorno do Centro Administrativo quanto uma pauta recorrente no Legislativo: a falta de sede própria da Câmara de Vereadores.
Atualmente, a Câmara funciona em prédio de propriedade do município, o que constantemente gera discussões sobre limites, autonomia e gestão do espaço. O caso também acende um alerta sobre a necessidade de regulamentação clara para o uso das vagas, tanto para veículos oficiais quanto para servidores e cidadãos que buscam atendimento nos diversos setores da prefeitura e do Legislativo.
Reflexos na política local
O tom dos relatos e das falas públicas evidencia que o episódio vai além de um mero desentendimento. Reflete os bastidores da política são-marquense, em um cenário de acirramento de ânimos entre lideranças de partidárias.
Seja pelo desconforto gerado, seja pela repercussão, o fato deve impulsionar discussões tanto dentro da Câmara quanto no Executivo sobre regras de convivência e, especialmente, sobre o fortalecimento da independência entre os poderes — tema que, por décadas, volta à pauta sempre que surgem situações de conflito como essa.