Por que a parceria entre pais e professores é tão importante?
Professores de Educação Infantil sempre esperam que pais sejam parceiros e que os valorize. Professoras, Claudia Sandra Jarré Prestes e Deise Sosnowski Estamos vivendo um momento de grande globalização, onde o tempo e o espaço de convivência familiar está cada vez menor.

Professores de Educação Infantil sempre esperam que pais sejam parceiros e que os valorize.
Professoras, Claudia Sandra Jarré Prestes e Deise Sosnowski
Estamos vivendo um momento de grande globalização, onde o tempo e o espaço de convivência familiar está cada vez menor. Pais, precisando trabalhar, recorrem às escolas de ensino integral (creches), onde estão recebendo cada vez mais crianças em diferentes fases do desenvolvimento.
Professores e crianças estão permanecendo maior parte do dia na escola, criando um laço afetivo. O laço afetivo que o professor e a criança criam é muito mágico por ser um vínculo onde o aprendizado é mútuo, você se sente parte de uma nova família. Quando a criança inicia na escola, o processo adaptativo, muitas vezes, é difícil. A criança sai do convívio familiar para um ambiente
completamente diferente. Neste momento, o professor começa a entrar em cena ao ter que receber esta criança com amor, respeito, compreensão… neste momento começa a se criar o laço afetivo.
Nos anos iniciais da Educação Infantil, é impossível separar o cuidar do educar. Nessa fase, os professores conhecem a criança pelo olhar, pelo choro, pelas atitudes. O cuidado não tem como separar do educar, mas esse educar é pedagógico.
O afeto, quando parte dos profissionais da educação, pode favorecer o desenvolvimento da criança no meio onde ela está inserida, facilitando a sua inclusão. Em concordância, Costa (2007) afirma que o afeto está presente na relação professor-aluno. Para a autora, inclusive, o “comprometimento com as práticas docentes é uma prova da afetividade”.
A criança pequena necessita de muito cuidado, atenção, afeto e professores sempre atentos. Elas estão na fase do aprendizado, então necessitam mais do professor: por isto se cria um laço afetivo muito forte; sabemos que é só por um período, mas é verdadeiro. Porque o ambiente escolar carece de afeto para se tornar cada vez mais inclusivo e fraterno.
A própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aborda a afetividade na educação por meio de suas competências gerais, reiterando como ela é importante para o desenvolvimento dos estudantes.
Professores de educação infantil sempre esperam que pais sejam parceiros, que os valorize. Os pais devem tratar os professores de forma a valorizar o trabalho deles e a ajudar a estabelecer uma boa relação entre a criança e o professor. Existem pais que não valorizam os professores, muitas vezes não cumprimentam nem com um bom dia ou uma boa tarde, outros acham que porque os professores recebem pelo trabalho, não fazem mais do que a obrigação. Outros mandam seus filhos sem tomar banho achando que o professor tem a obrigação de banhá-los. Tem pais que reclamam pela troca de roupas, pais que chegam no final no ano e nem se quer diz um obrigado etc. Penso que estes pais fazem isto pela falta de conhecimento do que é uma escola
de educação infantil e a função de um professor de educação infantil. No meu ver, a escola ou a Secretária de Educação deveriam proporcionar palestras e conhecimento a estes pais.
Sei que muitas vezes as atividades de um professor em uma sala de aula podem ser um pouco difíceis para os pais compreenderem. Afinal de contas, a experiência no dia a dia da escola é única para cada um daqueles que a vivem. E essa proximidade colabora para podermos entender melhor a dinâmica com os pais e como podemos trabalhar juntos pela educação das crianças.
A Psicopedagoga, especialista em literatura infantil, Monique Gonçalves atua há quase 20 anos na educação pública e dá seis dicas importantes que os pais deveriam saber. A relação entre pais e professores nem sempre conta com aquela proximidade ideal, então não dá para explicar tudo da forma que gostaríamos. Mas tem alguns pontos que eu reforçaria, se pudesse.
1 – Somos de tudo um pouco
O educador tem um tanto de enfermeira(o), de psicóloga(o), de humorista. Muitas vezes, a criança achará a gente chata(o) por pegar no pé dela, fazer cobranças, igualzinho o pai e mãe. Mas tudo o que fazemos é pensando no melhor para ela.
2 – Nosso papel é ajudar a desenvolver a autonomia das crianças
Sua criança vai se frustrar com algumas situações que acontecem na escola. Nessas horas, é preciso mostrar para ela que mesmo essas situações podem ensiná-la, de maneira grandiosa, sobre a vida.
3 – Nunca apontamos situações pensando no mal da criança ou da família
Somos educadores, professores, e não paramos de estudar nunca. Quando observamos algo que precisa ser melhor avaliado no seu filho, não é porque estamos procurando por defeitos ou falhas, mas porque nos preocupamos com cada etapa do desenvolvimento dele. E devido a nossos estudos e experiências, temos um olhar mais aprofundado sobre esse processo.
4 – Não escolhemos a profissão porque ela garante mais tempo de férias
Algumas pessoas pensam que ser professor é bom porque temos férias longas no final do ano, são apenas um mês e uns dias de recesso que não chega 15 dias. E, embora essa seja uma profissão muito desvalorizada, ser professor é bom, sim — mas não devido ao descanso. Essa é uma boa profissão porque, de alguma forma, fazemos parte do futuro de alguém, mesmo depois de já não estarmos mais presentes. Nossa marca estará lá: tudo o que conseguimos ensinar
Quanto aos dias de descanso, queria que soubessem que precisamos muito deles. Isso porque lidar com a aprendizagem de um ser humano é uma grande responsabilidade, que nos deixa mental, física e psicologicamente cansados. Por isso, essas pausas são tão importantes para nós.
5 – Queremos os pais pertinho da gente
O maior desejo de um professor é ter a família dos alunos como parceira durante o ano escolar, pois essa relação favorece ambos os lados.
6 – Acreditamos e zelamos por cada aluno individualmente
Os professores não veem suas crianças como números na chamada, mas como seres que precisam ser acompanhados, respeitados e acolhidos na sala de aula. Acreditamos que todas as crianças necessitam de um olhar amoroso e singular, não só aquelas que têm algum tipo de dificuldade. Somos aqueles que acreditam nos alunos, mesmo quando todas as circunstâncias provam o contrário; aqueles que insistem no aprendizado deles. E em todo final de ano letivo nos emocionamos, porque sabemos todo o esforço que foi necessário para alcançar aqueles resultados. Tenha certeza de que ser professor vai muito além das lições na lousa ou no
caderno, dos trabalhos e avaliações. Ser professor é ser formador e mediador de seres pensantes e atuantes. “O professor afeta a eternidade, ele nunca saberá onde sua influência termina”.
(Henry Adams).
Uma boa relação entre pais e professores é um vínculo baseado em confiança, cooperação e compreensão mútua, que vai além de meras formalidades ou encontros esporádicos em reuniões escolares. Nessa relação, familiares e professores se veem como aliados, unidos por um objetivo comum: proporcionar a melhor educação possível para as crianças.
Existe um diálogo aberto e honesto, em que ambas as partes se sentem confortáveis para expressar suas preocupações, compartilhar informações relevantes e trocar ideias sobre o progresso da criança.
Os pais esperam que a escola de Educação Infantil tenha profissionais bem preparados e dedicados para cuidar e educar seus filhos. E os professores esperam que os pais os valorizem pelo trabalho que fazem pelos seus filhos.
Por isso, uma boa relação entre pais e professores permite que o professor crie um laço afetivo maior com a criança. E, nesta situação, quem ganha é a criança emocional, intelectual, cognitiva e socialmente.
Professoras,
Claudia Sandra Jarré Prestes
Deise Sosnowski