Polícia conclui investigação sobre morte de cachorrinha Jady e decide não indiciar ex-servidor público
Caso ocorrido em São Marcos no dia 25 de março gerou grande comoção; imagens e testemunhas apontam para tentativa de defesa durante ataque entre cães. O inquérito será remetido ao Poder Judiciário.

Caso ocorrido em São Marcos no dia 25 de março gerou grande comoção; imagens e testemunhas apontam para tentativa de defesa durante ataque entre cães. O inquérito será remetido ao Poder Judiciário.
A Polícia Civil de São Marcos concluiu hoje o inquérito que investigava a morte da cadelinha Jady, da raça pinscher, ocorrida no dia 25 de março de 2025, no centro da cidade. O episódio, que provocou forte comoção entre moradores, comerciantes e protetores dos animais, envolveu o então servidor público municipal, Alan Mascarenhas, que também é vizinho da tutora da cachorra, Jaciara Balduíno.
Após quase três semanas de apurações, que incluíram depoimentos de testemunhas e análise das câmeras de segurança do entorno, a Polícia decidiu remeter o inquérito ao Poder Judiciário sem indiciamento. A investigação concluiu que não houve dolo (intenção) por parte do autor, considerando que sua conduta teria sido uma tentativa de defesa em meio a uma briga entre os animais.
Segundo informações do Delegado Rafael Keller, ao São Marcos Online com exclusividade, as imagens mostram que o cachorro do servidor, que estava com guia, foi atacado pela pinscher, que havia descido sem coleira nem proteção do veículo da tutora. O homem, segundo o relatório, teria tentado por diversas vezes separar os cães, mas sem sucesso, o que o levou a ter uma atitude mais contundente para proteger o próprio animal.
“Durante todo o inquérito, não ficou demonstrado que o autor agiu com intenção de matar ou com crueldade deliberada contra o animal. Ele tentou afastar a cachorra algumas vezes, sem êxito, e acabou realizando uma ação que resultou em uma lesão fatal. As testemunhas e as imagens sustentam essa versão”, acrescenta o delegado
Ainda conforme a polícia, a participação da vítima no desfecho também foi considerada. As câmeras mostram que Jaciara não se encontrava no local no momento exato da interação inicial entre os cães e só se aproximou após o ocorrido.
A Polícia Civil lamentou o desfecho trágico e reiterou seu compromisso com a proteção animal, frisando que o caso foi tratado com responsabilidade e cautela, mas que, diante dos elementos colhidos, a caracterização de um crime doloso contra animal não se sustenta juridicamente.
Relembre o caso
Na manhã de 25 de março, por volta das 7h15, Jaciara Balduíno retornava para casa após deixar a filha na escola. Acompanhada por Jady, que a esperava dentro do carro, estacionou em frente ao prédio onde moram. A cadelinha, que não usava guia, teria descido e se aproximado do cachorro conduzido pelo vizinho. Conforme depoimento da tutora, não houve tempo para qualquer interação quando o homem deu um chute na cabeça da cachorra, que morreu instantaneamente ao bater a cabeça na calçada.
Na ocasião, Jaciara relatou ao São Marcos Online o trauma da cena:
“Minha cachorrinha estava comigo há mais de dez anos. Era parte da família. Ele simplesmente chutou ela antes de qualquer coisa acontecer. Bateu a cabeça e morreu ali mesmo.”
Ela também afirmou que o agressor não prestou socorro e se afastou do local, subindo para o apartamento. Uma vizinha que presenciou o momento confirmou à Brigada Militar ter visto o chute.
Jady era considerada um apoio emocional fundamental para a filha adolescente de Jaciara, que sofre de depressão. O caso mobilizou protetores de animais e gerou revolta nas redes sociais.
Contradições e desfecho
A versão inicial da tutora apontava para uma agressão gratuita, sem que houvesse qualquer ameaça real. No entanto, o cruzamento das provas obtidas pela polícia — especialmente as gravações das câmeras de segurança — trouxe novos elementos à narrativa, contrariando parte dos relatos iniciais.
As imagens, de acordo com os investigadores, demonstram que a cachorra pinscher correu em direção ao cachorro do homem e iniciou um ataque, enquanto este tentava contê-la e proteger seu animal. Apenas após o desfecho trágico Jaciara se aproximou do local. O autor ainda teria tentado prestar socorro à Jady e permaneceu por alguns minutos no local, conforme inquérito.
Na ocasião a Brigada Militar encaminhou o servidor à delegacia logo após o episódio, mas ele foi liberado após prestar depoimento. No mesmo dia dos fatos a Prefeitura de São Marcos, onde ele atuava, exonerou o servidor.
Com a finalização da investigação, o Ministério Público poderá agora analisar o inquérito e decidir se apresenta denúncia ou arquiva o caso.
o São Marcos Online ainda não teve acesso as imagens no ângulo que mostram o fato.