Parado no tempo, perdido no espaço: ‘Centro de Ventos’ de São Marcos não progride
Prometida para 2021, construção de mais um módulo não iniciou. Verba federal anunciada ainda não foi liberada e recurso não se concretizou. Custo aumenta e apesar do crescimento na arrecadação prefeito diz não ter dinheiro para investir na obra considerada fundamental para Fenamarco.

Prometida para 2021, construção de mais um módulo não iniciou. Verba federal anunciada ainda não foi liberada e recurso não se concretizou. Custo aumenta e apesar do crescimento na arrecadação prefeito diz não ter dinheiro para investir na obra considerada fundamental para Fenamarco. PPP foi proposta pela CIC e módulo multiuso é reivindicado por desportistas
Parado no tempo. Vazio no espaço. Assim pode ser resumido o Centro de Eventos de São Marcos que, por enquanto, não passa de um “centro de ventos”: com apenas dois módulos parcialmente construídos no Parque Albino Ruaro, os pavilhões planejados para serem edificados ao lado do campo de futebol ainda estão longe de serem finalizados. E o pior é que não há perspectiva de quando a obra paralisada a mais de dois anos será retomada.
Prometida durante a campanha eleitoral, a construção de mais um módulo em 2021 não iniciou. E a suposta verba federal de R$ 500 mil anunciada pelo prefeito reeleito nos debates da CIC e São Marcos Fm ainda não se concretizou. O recurso que um deputado teria
conseguido sequer foi liberado.
Enquanto fica a espera de verbas parlamentares para para dar continuidade ao conjunto de pavilhões, o preço aumenta. Inicialmente orçado em torno de R$ 500 mil, o valor de cada módulo já estaria em cerca de R$ 800 mil, conforme dito pelo chefe do Executivo em abril deste ano durante entrevista ao Conexão 104 na qual anunciou que até junho a licitação para a obra seria lançada.
Apesar do crescimento na arrecadação, que deve passar de R$ 100 milhões em 2022, o discurso é de que não há recurso. Mesmo que o IPTU vá injetar R$ 1 milhão a mais nos cofres públicos municipais (aumento em torno de 15%) e que o arrecadado com tributos municipais se eleve em torno de 12% neste ano, conforme dados da Secretaria da Fazenda divulgados na audiência pública da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), a administração municipal alega que não tem dinheiro para concluir a obra que se arrasta há décadas, constituindo-se numa verdadeira lenda são-marquense.
PPP seria solução? CIC fez proposta para finalizar pavilhão

Enquanto o lenga-lenga continua e o Centro de Eventos não sai do chão, propostas são feitas para prosseguir à construção. Uma delas partiu da CIC: segundo revelou o presidente Dorival Perozzo em entrevista ao São Marcos Online em junho, a entidade propôs à prefeitura assumir o restante da obra.
Contudo, o prefeito rechaçou a oferta de parceria público-privada (PPP) alegando que conseguiria prosseguir à obra com recursos federais. “Fizemos a oferta e é claro que teríamos alguma prioridade de uso. Mas o prefeito disse que não seria viável do ponto de vista jurídico”, revelou o presidente da CIC.
‘É 11’: Presidente da ISME aponta necessidade máxima do Centro de Eventos para alavancar Fenamarco

Importante para diversas entidades são-marquenses que promovem festividades no município, o Centro de Eventos é considerado fundamental para a realização da Fenamarco. Quem destaca é o presidente da ISME, Silvio Pedrotti. Ao anunciar a não realização da feira industrial e comercial de São Marcos neste ano, Pedrotti salientou a necessidade de a atividade promovida pela Integração São Marcos de entidades (CIC/CDL/AMSM) contar com o Centro.
“Numa escala de zero a dez a importância (do Centro de Eventos) é 11”, declarou em entrevista ao Conexão 104.
Caso fosse realizada em 2021, a Fenamarco novamente não contaria com o Centro de Eventos. E mais uma vez os organizadores teriam que improvisar tendas e outros tipos de coberturas para acomodar expositores e visitantes.
“A Fenamarco está crescendo. No último ano foram quase 50 mil visitantes. E para que o evento se torne uma referência regional e estadual em termos de feiras de negócios, como é o nosso objetivo, a conclusão do Centro de Eventos é essencial”, pondera o presidente da ISME, ressaltando que diversos expositores reivindicam o término da construção. “Há muitos aspectos na infraestrutra do parque que precisa melhorar e o Centro de Eventos é um dos principais”, assinala.
‘Modulo multiuso para o esporte’: atletas apontam necessidade de arena para futsal

Enquanto a administração pública demora para finalizar a construção do já lendário Centro de Eventos de São Marcos, sugestões surgem de diferentes segmentos da sociedade. Dos desportistas vem uma importante demanda: tendo vista as precárias condições do Pavilhão da Ameixa (quadra pequena, vestiário apertado e ausência de arquibancadas), seria preciso que pelo menos um dos seis módulos projetados fosse multiuso, oportunizando a prática esportiva no período em que não houvesse realização de Eventos.
“Isso é muito necessário e não é difícil de fazer”, apontou o Diretor de Esportes da CIC João Fortunatti.
Em recente participação no ‘Debate Bola’, Fortunati explicou como se daria a construção. Pelo que disse, bastaria fazer um piso apto ao futsal e construir uma arena. “Isso já existe em outros municípios e funciona muito bem”, frisou.
Na avaliação do empresário e atleta Júnior Cesar Haschel Velho (Juninho), comentarista do programa semanal de debates esportivos da São Marcos Fm, a construção de um módulo multiuso com arena para futsal representaria um acréscimo para o município.
“Seria um ganho importante para São Marcos, que não conta com bons espaços públicos para o esporte. O Pavilhão da Ameixa vive passando por reformas mas não oferece condições adequadas. A única quadra realmente boa para competições é a da AMSM, mas é privada e pertence a um clube social”, ponderou.
Vários atletas que tem participado do ‘Debate Bola’ corroboram as constatações de Fortunatti e Juninho. Segundo alguns deles, entre os municípios próximos São Marcos é o que conta com as menos qualificadas instalações públicas para campeonatos de futsal.
“Ipê, Campestre da Serra e Antônio Prado possuem ginásios esportivos de uso público melhores que São Marcos. São maiores, têm arquibancadas e o piso da quadra é de mais qualidade. São pavilhões modernos e estamos falando de municípios menores”, apontaram os irmãos Robson e Willian Almeida em entrevista concedida neste início de setembro.
Conclusão: o Centro de Eventos será concluído?
As sugestões, caminhos, alternativas e reivindicações estão colocadas. Diante disso, fica a pergunta (uma daquelas questões que não querem calar): quando, afinal, será concluído o Centro de Eventos de São Marcos? Ou será que, diante de tantos atrasos e indefinições, projetos e enrolações, a pergunta corretamente formulada deveria ser: o Centro de Eventos de São Marcos será algum dia concluído?
Que o leitor use sua perspicácia e tire suas conclusões…