Papa Francisco morre aos 88 anos no Vaticano
Estado de saúde do líder da Igreja Católica havia piorado desde 14 de fevereiro quando foi hospitalizado O Papa Francisco, líder da Igreja Católica, faleceu nesta segunda-feira (21), às 7h35, no horário de Roma (2h35 no horário de Brasília), na Casa Santa Marta, residência oficial no Vaticano.

Estado de saúde do líder da Igreja Católica havia piorado desde 14 de fevereiro quando foi hospitalizado
O Papa Francisco, líder da Igreja Católica, faleceu nesta segunda-feira (21), às 7h35, no horário de Roma (2h35 no horário de Brasília), na Casa Santa Marta, residência oficial no Vaticano. O anúncio foi feito pelo cardeal Kevin Farrell, Camerlengo da Santa Sé. “Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da Igreja”, afirmou.
Apesar do agravamento de sua saúde nos últimos anos, o pontífice chegou a participar da tradicional bênção “Urbi et Orbi”, no domingo de Páscoa (20), aparecendo na sacada da Basílica de São Pedro para deixar sua última mensagem ao mundo. O gesto emocionou fiéis e reforçou sua dedicação até os últimos momentos.
Pontificado marcado por inclusão e reformas
Francisco foi eleito papa em março de 2013, sucedendo o papa emérito Bento XVI, que havia renunciado em razão de problemas de saúde. Jorge Mario Bergoglio, como foi batizado, foi o primeiro pontífice das Américas, nascido em Buenos Aires, Argentina, em 1936. Filho de imigrantes italianos, formou-se técnico em química antes de seguir o chamado religioso, tornando-se sacerdote jesuíta em 1969.
Ao longo de seu pontificado, Francisco ficou conhecido por seu estilo humilde, sua abertura ao diálogo com diferentes culturas e religiões e por abordar temas sociais com coragem. Reformou estruturas do Vaticano, nomeou a primeira mulher para chefiar um importante dicastério — a freira Simona Brambilla, em janeiro de 2025 — e presidiu a canonização de santos com histórias profundamente ligadas à América Latina, como a do padre José Allamano, por um milagre ocorrido com um indígena yanomami no Brasil.
Saúde debilitada e persistência no serviço
Desde 2021, Francisco passou a enfrentar problemas mais sérios de saúde, incluindo quedas, dificuldades respiratórias e mobilidade reduzida. Usava cadeira de rodas em muitos compromissos e foi internado diversas vezes para tratar infecções e bronquite. Mesmo assim, manteve grande parte de sua agenda e seguia firme na condução da Igreja.
No início de 2024, afastou rumores de uma possível renúncia, classificando-a como uma “hipótese distante”. “Não tenho motivos sérios o suficiente para me fazer pensar em desistir”, declarou à época.
Voz ativa por justiça, paz e meio ambiente
O papa Francisco foi uma das vozes mais firmes por justiça social, paz internacional e preservação ambiental. Lançou diversos apelos por cessar-fogo em conflitos, especialmente na Ucrânia e em Gaza, condenando a violência e defendendo o respeito à soberania dos povos. Em sua encíclica “Laudato Si’” e em pronunciamentos mais recentes, alertou para os riscos das mudanças climáticas e cobrou ações concretas de líderes mundiais.
Inclusão e acolhimento pastoral
Francisco também protagonizou um momento histórico em dezembro de 2023 ao autorizar que padres pudessem abençoar casais do mesmo sexo, mesmo fora do sacramento do matrimônio. A decisão foi interpretada como uma tentativa de aproximar a Igreja daqueles que antes se sentiam excluídos, sem alterar os fundamentos doutrinários do catolicismo. “Os padres não devem evitar ou proibir a proximidade da Igreja com as pessoas em todas as situações em que elas possam buscar a ajuda de Deus”, afirmou o documento do Vaticano, com aprovação direta do papa.
O legado de Francisco
A morte do Papa Francisco marca o fim de um pontificado de profundas transformações e abertura pastoral. Sua simplicidade, como quando escolheu viver na Casa Santa Marta em vez do Palácio Apostólico, sua defesa dos pobres e seu apelo por uma Igreja “em saída” deixam um legado que deve influenciar gerações futuras.
Ainda não há informações oficiais sobre o velório e os ritos funerários, mas espera-se que milhares de fiéis de todo o mundo compareçam à Praça de São Pedro para prestar suas últimas homenagens ao pontífice que marcou seu tempo com coragem, misericórdia e humanidade.