ODS 3 e Saúde Mental: promovendo o bem-estar integral em tempos de crise
Por Maria Alice Gambatto – contadora, terapeuta consteladora familiar, escrevendo para o SMO. Confira o artigo na íntegra Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar de todas as pessoas, é o objetivo principal da ODS 3.

Por Maria Alice Gambatto – contadora, terapeuta consteladora familiar, escrevendo para o SMO. Confira o artigo na íntegra
Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar de todas as pessoas, é o objetivo principal da ODS 3. Ao vermos o termo “vida saudável”, muitas vezes relacionamos com alimentação de qualidade, a prática de exercícios físicos, e tantos outros exemplos disseminados diariamente. Contudo, para promovermos uma vida saudável devemos inclinar nossa atenção para todos os aspectos que nutrem nossa saúde, sendo elas a física, mental, emocional e espiritual.
Mas afinal, o que é saúde mental? Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a Saúde Mental pode ser considerada um estado de bem-estar vivido pelo indivíduo, que possibilita o desenvolvimento de suas habilidades pessoais para responder aos desafios da vida e contribuir com a comunidade.
Nos últimos dias, nossa sociedade está passando por um desafio imenso em decorrência das enchentes em nosso Estado. Muitas pessoas, de diversos lugares tomam conhecimento dessa situação e abordam a sensibilização aos fatos ocorridos pelos enfrentamentos que a população gaúcha vivencia nesses dias.
Há muitos relatos de pessoas com sentimentos de culpa, impotência e tristeza pela insuficiência de recursos para aliviar o peso dessa catástrofe. Esses sentimentos são reais e fazem com que as pessoas entrem num processo interno de tristeza podendo gerar diversos sintomas físicos, como: insônia, apatia, ansiedade, tristeza profunda, entre outros.
Nesse sentido, para promover prevenção e cuidado da saúde mental é necessário tomarmos consciência de que todos nós, de uma forma ou de outra temos condições de ajudar as vítimas das enchentes, os voluntários da linha de frente, os animais e toda rede que já se formou de solidariedade. Contudo, somos seres limitados, e precisamos estar conscientes que não temos a condição de desobstruir toda a situação de uma só vez, nem temos o controle de tudo.
Também devemos compreender que há necessidade de todos os tipos de voluntariado; daqueles com condições físicas e mentais para trabalhar na limpeza e reconstrução dos locais atingidos, de voluntários que se dispõe a preparar a alimentação dos que executam as atividades e dos necessitados, daqueles que se dispõe a fazer o transporte das doações, daqueles que podem auxiliar por meio de recursos financeiros e que geram a produção necessária para os voluntários da linha de frente, e aos voluntários que emanam preces e reúnem-se para orar e enviar energia e dão suporte e acolhimento aos voluntários no retorno aos seus lares.
Como podemos observar, existem ainda mais formas de auxílio, além das descritas, e é por essa razão que cada um daqueles que se sentem culpados por continuar sua rotina de vida, ou aqueles que se sentem impotentes mesmo diante de já ter promovido o bem a muitos, precisam acolher esses sentimentos e mentalmente refletir, que cada um auxilia dentro de suas condições e possibilidades. Assim como na normalidade do dia a dia, temos vocacionados para o trabalho na saúde, outros na segurança, outros tantos tem paixão por vendas, comunicação e trabalhos burocráticos, nesse momento todos nós também somos chamados a executar a ajuda ao próximo dentro da nossa zona de talento e expertise.
Cabe ainda destacar, que todas as funções são importantes, justamente porque somos únicos e temos dons especiais. Uma senhora que reza seu terço com dedicada amorosidade e concentração tem o mesmo valor daquele que doou seu tempo e sua força para subir as montanhas de terras que deslizaram em busca de uma vida. O exemplo não é uma comparação, mas uma constatação que talvez na inversão dessas atividades nada seria feito com sucesso.
Por isso, confie no que realizas, compreenda que és insubstituível nas suas ações, com suas intenções e experiências. E lembre-se da citação de Madre Teresa de Calcutá, quando disse:“ O que eu faço é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor”.
Como pilares fundamentais da saúde mental temos a prevenção, percepção e tratamento. Listamos algumas ações práticas para o cuidado do seu bem estar:
– Evite assistir demasiadamente noticiários, vídeos e relatos sobre as enchentes e tragédias de modo geral;
– Procure focar sua atenção nas atividades que precisa fazer, executando-as uma por vez, sem pressa e com o mínimo de distrações;
– Ao separar objetos para doação, realize mentalizando boas energias as pessoas que receberão, embalando-as e identificando elas para melhor organização dos locais que recebem;
– Ao fazer doações de recursos financeiros verifique o destinatário e em caso de dúvidas solicite auxílio de alguém de sua confiança;
– Ao perceber-se inquieto e angustiado, procure realizar uma caminhada ao ar livre, conversar com alguém ou procurar ajuda especializada;
– Tenha momentos de lazer, de meditação, de preces e orações solitárias ou em grupo, com amor e dedicação.
Ademais, sempre importante ressaltar que além das práticas, o bem estar do indivíduo também é influenciado pelos aspectos sociais, ambientais e econômicos a qual está inserido. Dessa forma, a interação de diversos fatores pode ser algo positivo ou negativo, principalmente nesse momento. Por esse motivo não desconsidere sinais de alerta do seu corpo, das suas emoções e dos seus pensamentos. Precisando de ajuda, busque-a.
As pessoas em situações de crise podem ser atendidas em qualquer dispositivo da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que é formada por vários serviços de saúde com finalidades e características distintas. São serviços da rede pública de saúde do SUS que seguem os princípios fundamentais da universalidade, integralidade e equidade, buscando proporcionar atendimento acessível, amplo e justo para todos e todas.

Maria Alice Gambatto – Contadora, Terapeuta Consteladora Familiar
(Fonte: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/saude-mental)