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O Florense encerra edição impressa em meio à tendência de desaparecimento do jornal físico

Nesta semana, os moradores de Flores da Cunha recebera a notícia do encerramento da última edição impressa do tradicional jornal local “O Florense”.

Atualizado em 20/12/2023 às 16:12, por Equipe SMO.

O Florense encerra edição impressa em meio à tendência de desaparecimento do jornal físico

Nesta semana, os moradores de Flores da Cunha recebera a notícia do encerramento da última edição impressa do tradicional jornal local “O Florense”. Com 37 anos de história, a publicação enfrentou desafios financeiros que, segundo a direção do jornal, refletem uma tendência mais ampla de diminuição das receitas no meio jornalístico e a crescente competição por recursos com grandes plataformas digitais.

Carlos Raimundo Paviani, fundador e diretor de “O Florense”, compartilhou com a reportagem do Coletiva.net e os motivos por trás da difícil decisão. Ele apontou a dificuldade em encontrar investidores ou compradores para a continuidade do jornal nos últimos anos. A competição por verbas com gigantes digitais como Google e Meta tornou-se um desafio insuperável para veículos de mídia locais tradicionais, mesmo aqueles com décadas de serviço à comunidade.

A adaptação à nova realidade incluiu a mudança da periodicidade para quinzenal em 2023, uma tentativa de reduzir custos e manter a sustentabilidade financeira. No entanto, apesar dos esforços, a versão impressa não conseguiu resistir à difícil conjuntura econômica e ao desafio de atrair recursos suficientes.

Além da disputa com as bigtechs fatores políticos influenciaram na queda na receita

Além dos fatores financeiros, Paviani mencionou causas externas que também influenciaram na decisão, como a diminuição da confiabilidade no jornalismo, amplificada por decisões governamentais nos últimos anos. Esses elementos contribuíram para uma percepção negativa em relação à profissão jornalística, afetando indiretamente o trabalho de veículos locais como “O Florense”.

A notícia do encerramento da versão impressa foi recebida com tristeza pela comunidade local, que expressou seu pesar através de movimentos liderados por entidades, como a Secretaria de Cultura e a Associação dos Produtores da Agricultura, além de vereadores locais. No entanto, a solução para a continuidade do jornal demandaria recursos financeiros, que atualmente são escassos.

O veículo segue suas operações exclusivamente no meio digital através do site: www.jornaloflorense.com.br e suas redes sociais, apostando na monetização de vídeos e na transição dos anunciantes para a internet.

Trajetória

Com uma operação de quase quatro décadas, O Florense acumula história. Nascido na época “em que tudo era mecânico”, logo depois, em 1986, a publicação cresceu com o chamado “ano dos milagres” em meio ao Plano Cruzado, que fez o jornal crescer. “Tudo dava certo, preços congelados. Estava uma maravilha, mas não durou muito tempo, infelizmente”, recordou.

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Mas, o jornal não era o único produto da empresa, que já havia lançado publicações ligadas aos setor das vinícolas e o extinto jornal A Vindima, que, além de da vitivinicultura destacava a agricultura familiar. Também, há 15 anos é editado o Perfil Socioeconômico de Flores da Cunha, publicação que deve ser mantida e faz parte da Editora Novo Ciclo, braço de O Florense, que também produz livros e lançamentos de conteúdos especiais. 

Tendo a forte ligação com a comunidade como um elemento central de atuação, O Florense também sempre esteve à frente do oferecimento de eventos culturais para a população. O jornal também é responsável pela criação do Toni Sbrontolon, personagem reclamão, que se comunica em Talian, dialeto de imigrantes italianos que chegaram ao Brasil. 

Futuro

Adaptação é a palavra-chave para esse novo momento de O Florense, conforme Carlos. O portal, que está no ar há mais de uma década, deverá ser repaginado, com uma nova versão sendo lançada em 2024, com o objetivo de transformá-lo em “algo mais dinâmico”. O intuito, também, é poder alcançar outras faixas-etárias que não consumiam o meio impresso. 

Outra mudança será no quadro de funcionários, que passará por alterações para se adaptar à nova realidade. Além disso, faz parte do planejamento a manutenção dos colunistas já existentes na publicação. Porém, um movimento considerado muito importante está no investimento de publicações em vídeo, com a produção de notícias no formato. 

Além disso, mais uma aposta está nos programas transmitidos pelo canal de  YouTube, em parceria com produtores locais: o ‘Parla Talian’, às quintas-feiras, atração de entrevistas totalmente veiculado no dialeto e o ‘Política em Pautas’, nas terças-feiras. “Queremos fazer veiculações em todos os dias da semana, com diferentes temas, com a segunda-feira reservada para esportes, na terça política, na quarta e economia e negócios, na quinta o ‘Parla’ e na sexta falaremos sobre arte e cultura”, explicou. 

Para isso, outros três programas ainda serão anunciados para preencher a grade do canal, que tem as atrações gravadas em um pequeno estúdio de propriedade de O Florense. Carlos ainda concluiu informando que um plano comercial será lançado em janeiro para buscar recursos para os novos produtos e a manutenção dos atuais.

Com informações do Coletiva.net