/apidata/imgcache/db746b92d4b56a00aaf7d89589a197c7.png
/apidata/imgcache/6489286f0535723f1bc933597a4c23f2.png
/apidata/imgcache/b57034c3e59176a09cbbea646c22583a.png

Os Caminhos da Água: Distrito de Pedras Brancas é pioneiro em abastecimento coletivo de água potável

Comunidade perfurou primeiro poço em 1981. Atualmente, sistema é composto por três poços, tudo dentro das regras nacionais do Vigiagua Desde ontem (08/03) estamos publicando uma série de três reportagens mostrando o panorama da distribuição da água potável em São Marcos.

Atualizado em 23/04/2024 às 09:04, por Equipe SMO.

Os Caminhos da Água: Distrito de Pedras Brancas é pioneiro em abastecimento coletivo de água potável

Comunidade perfurou primeiro poço em 1981. Atualmente, sistema é composto por três poços, tudo dentro das regras nacionais do Vigiagua

Desde ontem (08/03) estamos publicando uma série de três reportagens mostrando o panorama da distribuição da água potável em São Marcos. O município possui três formas de abastecimento de água para consumo humano:

  1. Sistema Corsan (com 89,45% da população alcançada)
  2. Solução Alternativa Coletiva (SAC, são 13 poços comunitários, com 2,2 mil pessoas beneficiadas)
  3. Solução Individual (poços domésticos, 0,17% da população)

As três modalidades de extração de água e de abastecimento formam o grande sistema hídrico que assegura água potável para todos e, pelo menos neste verão seco, descarta desbastecimento. Cada um dos três modelos depende dos outros. Ou seja, a palavra de ordem é preservar, preservar, preservar.

/apidata/imgcache/c9086ef94dad4d18574aac51a8a0b2ce.png

Hoje, mostramos como é o funcionamento da Corsan. Também contamos a história do primeiro poço comunitário, perfurado em Pedras Brancas 42 anos atrás.

Pedras Brancas fez escola em São Marcos no tema poço comunitário. O distrito perfurou o primeiro poço coletivo da cidade 42 anos atrás, em 1981. Na época, os moradores obtinham água potável por meio de vertentes próprias, como sempre fora.

A abertura de um loteamento, contudo, não deixou alternativa, visto que a Corsan atuava, e ainda atua, somente na área urbana: era necessário perfurar um poço capaz de abastecer com água potável os futuros moradores.

Passados 42 anos, São Marcos possui 13 poços comunitários. É a chamada Solução Alternativa Coletiva (SAC). O SAC de Pedras Brancas atende 120 famílias, tudo dentro das regras preconizadas pelo Ministério da Saúde.

/apidata/imgcache/1bdafa2166b14962cb7735c80fd0ebfb.png

Leia também: “O Caminho da Água: água potável para todos”

Para atender as regras oficiais, a SAC precisa atender uma série de itens. Entre esses itens, é necessário que o sistema tenha um líder, uma pessoa que fique à frente de tudo, desde a parte operacional até os aspectos burocráticos.

A presidente do poço

Professora, Neiva preside a sociedade de abastecimento do distrito. Na foto, reservatório de 60 mil litros. Foto: Angelo Batecini/SMO

Atualmente, é Neiva Maria Fabro Corso quem responde pelo poço do distrito. Neiva é professora, e seu mandato de dois anos na presidência da Sociedade de Abastecimento de Água Pedras Brancas termina em dezembro.

/apidata/imgcache/1fd4dd12a135f2a49158fe1f91cb23cf.png

O caso de Neiva é curioso: a professora não utiliza a água do poço comunitário. Na casa dela, a água segue vindo de uma antiga vertente familiar. A água comunitária abastece apenas o mercado da família, às margens da BR-116.

Então por que Neiva assumiu a função?

A professora assumiu a presidência da sociedade por absoluta falta de interessados no comando do poço.

“Eu não entendia nada, mas estou aprendendo”, conta a moradora, bem consciente da necessária cidadania que a comunidade deve, ou deveria, exercitar.

Três poços

A pioneira Pedras Brancas avançou. Hoje, o distrito possui três poços coletivos. Dois estão em funcionamento. O terceiro está em modo espera, pronto para ser acionado em caso de precisão.

Os dois poços em funcionamento são acionados alternadamente: um funciona das 6h até o meio-dia; o outro, das 13h às 21h.

“Deixamos os poços descansando durante a noite para se recomporem”, conta Neiva.

/apidata/imgcache/521ec81c01718c180929d2b052e93fce.png

O reservatório do distrito tem capacidade para 60 mil litros de água.

A potabilidade da água consumida em Pedras Brancas é assegurada pelo respeito às regras do Vigiagua, programa do Ministério da Saúde que estabelece o padrão de qualidade da água consumida pelos brasileiros. A vigilância é exercida pela Vigilância Ambiental em Saúde da prefeitura de São Marcos.

Conheça o Vigiagua do Ministério da Saúde

/apidata/imgcache/6ab4f0e8b4287808ccf7582ab7f7b6fd.png

Analise diária

Isadora é acadêmica de Farmácia e faz análise diária da água para verificar nível do cloro residual. Foto: Angelo Batecini/SMO

Entre os itens que as comunidades devem observar está a análise da água. Em Pedras Brancas, uma personagem importante é Isadora. Filha de Neiva, Isadora coleta água diariamente para verificar o nível de cloro residual do reservatório. Ela coleta água da torneira, aplica o teste e insere o resultado numa planilha. Ao fim de 30 dias, um técnico contratado pelo distrito vem analisar a planilha, faz nova análise e coloca o cloro necessário no reservatório.

A contratação de um técnico é outra obrigação determinada pelo Vigiagua para permitir o funcionamento de uma SAC, os poços comunitários.

O trabalho de Neiva e de Isadora é voluntário.

“É bacana quando a gente consegue solucionar algum problema. Mas vamos poupar água”, recomenda a professora.

/apidata/imgcache/41c488d9a57a79f3e217093acf806621.png

Em Pedras Branca, cada família paga R$ 60,00 ao mês para receber água potável. Lotes que não possuem imóvel mas que estão conectados à rede pagam taxa de R$ 120,00 ao ano. O dinheiro é guardado num fundo e é empregado para custear a operação e para eventuais emergências, como danos na rede ou no sistema eletrônico que controla os motores.

“Fui o primeiro a tomar a água do poço”, recorda Antoninho Novello

Antoninho Novello tinha 37 anos quando a comunidade de Pedras Brancas ficou cara-a-cara com a necessidade de perfurar um poço artesiano no distrito. O ano era 1981, e a Corsan já atuava em São Marcos desde 1971, mas a água pública era, e ainda é, oferecida apenas na área urbana.

Nesse cenário, alguns moradores projetavam criar um loteamento popular no distrito. O plano era urbanizar uma área e oferecer cerca de 80 lotes.

Antoninho Novello: “Se tivesse que morrer, eu estava morto, pois fui o primeiro a tomar a água do poço”. Foto: Gilberto Blume/SMO

E a água?

Os empreendedores, Antoninho incluído, arregaçaram as mangas e investiram num poço artesiano capaz de abastecer com água potável os futuros moradores do loteamento.

A primeira tentativa de perfuração já teve êxito. Antoninho recorda que a água começou a jorrar logo, com apenas 20 metros de solo perfurados.

Os trabalhos prosseguiram até que a broca alcançasse 65 metros, a mesma profundidade que o poço possui hoje. A vazão sempre foi potente, e o poço jamais precisou ser aprofundado.

“Nunca faltou água”

“Poço igual a esse não existe! Nunca faltou água”, celebra Antoninho, ex-produtor rural e ex-caminhoneiro.

O resultado da perfuração foi excelente, e o loteamento até hoje é plenamente abastecido com água potável.

Os tempos, porém, eram outros, e o método de perfuração era antiquado se comparado à tecnologia atual. Naquele 1981, os trabalhos de broca demoraram dois meses até atingir os 65 metros de profundidade. Hoje, o mesmo serviço seria concluído em questão de dias.

Prestes a completar 80 anos, Antoninho recorda todo orgulhoso que foi o primeiro cidadão de Pedras Brancas a experimentar da água que recém-jorrava no novo poço, 42 anos atrás:

“Se tivesse que morrer, eu estava morto, pois fui o primeiro a tomar a água do poço”.

Comunidades atendidas por poços coletivos
Localidade Famílias beneficiadas
Linha Tiradentes 45
Tuiuti25
Rio Redondo106
Polidoros 25
Zambicari 55
Rosita\Santana170
Santo Henrique40
São Roque130
Morro Carraro\Bela Vista 36
Pedras Brancas120
São Jacó60
Travessão Miotto 81
Fátima\Edith120
Zamoner* 17
*A partir de julho
Tabela elaborada pelo Portal SMO

Corsan não é afetada pela estiagem

Barragem em São Luiz com seu nível máximo. Foto: divulgação Corsan

A população urbana de São Marcos atravessa ilesa a terceira estiagem consecutiva e severa. O Sistema Corsan abastece com água potável 89,45% dos cerca de 21,7 mil habitantes, todos moradores da área urbana. Apesar da falta de chuva, a Barragem São Luiz não correu risco de deixar a população sem água.

A água distribuída pela Corsan é captada bruta no Rio Ranchinho. De lá, é bombeada à Barragem São Luiz, em funcionamento desde 1971. Na sequência, a água bruta é bombeada até a estação de tratamento. Na sequência, é distribuída para as 11 caixas instaladas em pontos estratégicos da cidade. Desses 11 reservatórios, é levada às cerca de 6,5 mil famílias clientes da estatal.

Questionada sobre investimentos na expansão da rede na cidade, a Corsan informa em nota:

“Plano de expansão: plano de ampliação da estação de tratamento para melhor atendimento”.

A Corsan em números

  • A área atendida pela Corsan é de aproximadamente 10 km quadrados;
  • A cidade possui 11 reservatórios de distribuição;
  • Há cerca de 6,5 mil clientes;
  • A estatal atende 89,45% da população da cidade;
  • A taxa mínima do serviço é de R$ 35,61;
  • A média de consumo é de R$ 100,00.

Leia amanhã:

Saiba por que é importante proteger vertentes rurais.

E conheça Paulo Casagranda, o produtor de Linha Santana que deu vida nova a uma antiga vertente que nasce num potreiro. Foto: Angelo Batecini/SMO
Leia a primeira reportagem da série, publicada nesta quarta-feira, dia 8 de março