Número de municípios em situação de emergência pela estiagem não para de subir
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Cenário de chuva neste início de ano é muito preocupante
Todas as regiões do Rio Grande do Sul tiveram chuva entre o domingo e ontem, mas, tal como era antecipado pela MetSul Meteorologia, a chuva foi extremamente irregular e com uma enorme variabilidade de volumes de um ponto para outro dentro da mesma região, o que fez com que algumas localidades tivessem precipitação com acumulados mais altos e locais muito próximos pouco ou nada de chuva.
Mesmo que tenha chovido em grande parte do estado, o cenário só tende a piorar na estiagem que assola o Rio Grande do Sul. Os acumulados de precipitação foram muito baixos na esmagadora maioria das cidades gaúchas e a água que se precipitou rapidamente vai evaporar com uma sequência de dias de sol e calor, levando à perda de umidade do solo e maior estresse para as lavouras.
As projeções de chuva para os próximos dez dias são muito ruins. O restante da semana terá o predomínio do tempo firme com muito sol e tardes de baixa umidade de quinta em diante.
O cenário é ruim principalmente para o Oeste, o Centro e o Sul gaúcho. Estas regiões devem ter muito pouca chuva até a metade do mês. Vai chover mais em localidades do Norte gaúcho, mas ainda assim com grande irregularidade.
De acordo com a Metsul Meteorologia, os dados indicam a possibilidade de retorno da chuva de forma mais ampla somente entre os dias 10 e 11, daqui a uma semana, e mesmo assim os modelos por ora não sinalizam volumes altos.
Sob este cenário, a perspectiva é de agravamento da estiagem e o cenário pode se tornar crítico em algumas cidades. Além de perdas na produção agrícola, a situação dos rios e da captação de água para consumo humano é cada vez mais delicada, como na bacia do Rio Gravataí, na Grande Porto Alegre.
Os produtores rurais gaúchos começam o ano de 2023 sob a pressão da estiagem, que afeta principalmente a Metade Oeste do Rio Grande do Sul e já acarreta prejuízos à cultura do milho. Segundo o diretor técnico da Emater/RS-Ascar, Alencar Rugeri, nas áreas mais impactadas, a escassez hídrica coincidiu com as delicadas fases de florescimento e enchimento de grãos do cereal, o que comprometeu a produtividade.
Nas últimas semanas, houve um aumento da demanda pelo Proagro, com muitas perícias em propriedades para a colheita antecipada, de acordo com a Emater. “Há produtores com perdas que vão eliminar a lavoura e bastante gente fazendo silagem, o que não estava previsto, para tentar dar um destino à produção. Neste ano, a perícia vai liberar muitas áreas porque a estiagem ocorreu cedo e com bastante intensidade em alguns locais”, avalia.
Na região de Ijuí, onde 65% do milho estão em enchimento de grãos, as perdas são estimadas entre 30% e 100%, de acordo com o último conjuntural da Emater/RS-Ascar. Na região de Santa Rosa, os ventos constantes à noite e as temperaturas elevadas provocaram grande evapotranspiração e perda de umidade do solo. Já na região das Missões, há prejuízos de 25% a 70% na safra.
Até o final de semana, eram 23 os municípios gaúchos que haviam decretado situação de emergência em razão da estiagem, de acordo com dados da Defesa Civil. As prefeituras de Joia e Paraíso do Sul foram as últimas a recorrer à medida, na sexta-feira. Do total de cidades, sete já tiveram seus decretos homologados pelo governo.