Mulher São-Marquense: entre vinhedos e salas de aula, uma jornada de dedicação
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Nesta matéria especial sobre a data de hoje, o SMO conta um pouco da história de Justina Riboldi, que é suporte para o esposo agricultor, após anos de dedicação ao ensino
Hoje, no Dia da Mulher São-Marquense, celebramos e homenageamos mulheres que, com sua força e determinação, deixam uma marca indelével na história de nossa cidade. Uma dessas mulheres é Justina Riboldi, uma professora aposentada que, após anos dedicados à educação, encontrou na agricultura familiar ao lado do esposo, Valter, uma nova paixão.
Aos 62 anos de idade Justina, avó de Murilo de 7 anos e Otávio de 1 ano, mãe de duas filhas, Vanessa de 33 anos e Vivian com 37, e esposa do agricultor Valter Riboldi de 62, compartilhou recentemente em suas redes sociais um relato tocante sobre a vida no campo e os desafios enfrentados pela família ao cultivar uvas Isabel e uvas Bordo em sua propriedade em São Roque, interior de São Marcos.
“Conheça a lida de um produtor de uvas”, inicia Justina, proporcionando aos leitores um vislumbre do árduo trabalho que permeia a rotina da família Riboldi. Desde a imigração italiana até os dias atuais, a tradição de cultivar uvas foi passada de geração em geração, aperfeiçoada com cuidado e dedicação.
Valter Riboldi, aos 62 anos, enfrenta desafios constantes, desde a montagem do parreiral até a colheita, que se estende por aproximadamente 200 dias. Nos últimos quatro anos, a família enfrentou intempéries como geadas fora de época, secas e até chuvas de pedras, o que culminou no pior ano em quatro décadas na propriedade.
O relato de Justina, escolhido pelo SMO como gancho para homenagear as mulheres desta cidade, é um reflexo das adversidades enfrentadas pelos agricultores locais, que além das condições climáticas desfavoráveis, lidam com pressões e fiscalizações que tornam ainda mais difícil manter as propriedades sustentáveis.
No entanto, mesmo diante desses desafios, a família Riboldi persiste. A filha mais velha, Vivian, compartilha sua alegria com a finalização da colheita, reconhecendo a difícil trajetória dos últimos anos. Ela destaca o papel da mãe, agora aposentada, que encontra na agricultura uma nova forma de contribuir para o sustento da família.
Vivian revela um lado menos conhecido de Justina, que, além de professora, foi diretora e vice, atuando pelo Município e pelo Estado. Após se aposentar, Justina mergulhou na vida no campo, participando ativamente do cultivo da uva e auxiliando nas contratações necessárias para manter a propriedade produtiva.
Agricultora por opção, Justina encontrou na parreira uma extensão de sua paixão pela história do município. Acompanhando de perto o trabalho árduo de Valter, ela se torna agora uma parte essencial da rotina no campo.
Neste Dia da Mulher São-Marquense, homenageamos mulheres como Justina Riboldi, que encontram força para superar desafios e contribuir para o desenvolvimento de nossa comunidade, seja na sala de aula ou nos vinhedos. Que suas histórias inspirem e fortaleçam a admiração por todas as mulheres que, com sua dedicação, moldam o futuro de São Marcos.
Confira na íntegra o relato de Justina em suas redes sociais:
“Conheça a lida de um produtor de uvas: Como sabemos a uva é o fruto da videira. Cultivada desde os primórdios da imigração italiana, essa prática foi sendo aperfeiçoada pelos agricultores. Valter Riboldi morador da Capela São Roque, como muitas famílias de nosso município, cultiva uva Isabel e uva Bordo. A uva que produz é vendida para produção de sucos e vinhos. Os cuidados com as videiras vão além da montagem do parreiral, onde foi preciso investir uma quantia considerável de dinheiro. Todo ano precisa de dedicação e cuidados ,fazer a adubação necessária, fazer a poda ,galho a galho ,parreira por parreira um trabalho árduo. Do período da poda até a colheita vão em torno de 200 dias. 200 dias zelando e controlando as doenças que afetam a videira. Cada temporal ,cada vento ou chuva mais forte é uma angústia…Os últimos 4 nos foram difíceis, pois teve geadas fora de época, secas em 2 anos seguidos e pedras .O ano que passou foi o pior dos últimos 40 anos na propriedade de Valter, pois teve chuva de pedras por duas vezes depois muita chuva durante quase todo período até a colheita. Somado a isso toda a pressão que os agricultores sofreram por parte da fiscalização desnecessária e abusiva num tempo que já estava difícil por conta da baixa produção e dos altos custos dos insumos necessários pra manter os parreirais sãs. Isso desestimula qualquer família a continuar na agricultura e talvez seja por tudo isso que as propriedades rurais vão ficando sem sucessores e não são atrativas para as os jovens e as crianças que preferem sair e trabalhar na cidade. Finalizamos a colheita da uva. Foi um ano difícil (o quarto ano difícil)Neste ano tivemos granizo, muita chuva e granizo de novo. Nem sempre a colheita é proporcional à dedicação: estes últimos 4 anos foram de secas, geadas fora de época, granizo ,muita chuva…. Entre a poda e a colheita muitas coisas acontecem e as vezes nem sempre boas. Mas é hora de agradecer e somos gratos pelo que colhemos. Hora de dar uma pausa neste cenário conturbado pelo que se está passando na agricultura. Que além das intempéries, ainda se tem que cumprir exigências que não condizem com o trabalho no campo. Tomara tudo melhore e que nossos netos vivam numa realidade em que os que plantam ,que cuidam com dedicação e que colhem sejam tratados com respeito e justiça. Que venham anos melhores!”