Novo pároco da cidade convocou lideranças comunitárias e mobilizou São Jacó, Henrique Pante e São Luiz

Quem frequenta alguma capela do interior e eventualmente se refestela nos almoços comunitários mal pode imaginar o trabalhão que dá manter as igrejinhas funcionando.

Limpeza do salão, da igreja e do pátio, organização das missas e festas, compra de comes e bebes, manutenção das estruturas, segurança, finanças, planejamento das rifas, decoração…

A lista de providências é gigantesca. E a responsabilidade e comprometimento não são menores. Além disso, as tarefas não são remuneradas, todo o serviço é voluntário. Essa trabalheira toda tem sido apontada como principal motivo para o desinteresse de algumas comunidades em assumir o comando das capelas.

Até poucos dias atrás, três capelas de São Marcos estavam sem comando. Os mandatos das diretorias encerraram sem que houvesse interessados em assumir a função. Resultado: as chaves da igreja foram entregues à Matriz. Sequer missas havia.

Padre Paulo

Esse cenário de terra arrasada começou a mudar em julho, com a vinda de padre Paulo Venturin para comandar a Igreja Católica em São Marcos. De pronto, o novo pároco foi visitar as capelas fechadas, convocou reuniões com as comunidades para entender a situação.

Sem rodeios, questionou:

– Que referência vocês vão ter se a capela está fechada? – argumentou para os moradores que descendem dos imigrantes que construíram as capelinhas e ainda moram nas vizinhanças das igrejas.

Alexandre Bolzan esteve na reunião convocada pelo padre em Linha São Jacó, cuja igreja estava sem comando há meses. Alexandre recorda de uma fala do padre convocando os presentes a assumir a capela: “Ninguém sai daqui! Quem sair não está comprometido com o Reino de Deus”, declarou padre Paulo.

O desconforto estava instalado, ninguém abandonou a reunião. Ponto para o religioso. Graças ao ultimato do padre, a comunidade se mobilizou. Dias depois da reunião, São Jacó estava limpando o salão para a festa anual, originalmente marcada para 9 de julho, mas que não aconteceu por falta de voluntários. São Jacó remarcou a festa para 13 de agosto, Dia dos Pais. Movimentos semelhantes ocorreram na Capela São Luiz (Linha Humaitá) e na Capela Menino Jesus (bairro Henrique Pante).

Modelo mais flexível

As três comunidades adotaram um formato mais flexível para manter as capelas funcionando. Ao invés de eleger uma diretoria, como é habitual nas capelas, os moradores formaram comissões. A comissão é fatiada em setores, como copa, cozinha, garçons, tesouraria etc.

Diferentemente de uma diretoria com mandato pré-estabelecido, a comissão não tem prazo de atuação. Mais, os integrantes têm liberdade para sair do grupo quando quiserem, contanto que indiquem o substituto.

Em São Jacó são 13 integrantes, sob o comando de Alexandre Bolzan. É essa turma abaixo que prepara o almoço do dia 13.

• Coordenação: Alexandre Bolzan
• Tesoureira: Andreia Biondo
• Limpeza e organização da igreja: Neiva Argenta
• Liturgia: Luciano e Cristina Sguaisser
• Copa: João Pedro Capeleti
• Cozinha: Cristina Bolzan
• Limpeza e organização da cozinha: Carmem Brochetto
• Limpeza e organização externa: Jose trindade
• Garçons: Ari Paulo Corso
• Churrasqueira: Jocimar Meneguzzi
• Rifão: Marta Brambati
• Manutenção: Luciano Sguaisser
• Limpeza do salão: vaga aberta

Cozinha pronta

A cozinha do salão de Linha São Jacó está praticamente pronta para o almoço do dia 13 de agosto. Dias atrás, um grupo de mulheres passou uma tarde escovando, limpando, lavando. A cozinha estava fechada desde a festa do ano passado.

– Está sujo porque estava parado. De um ano para outro suja, é normal – explica Cristina Bolzan, responsável pela cozinha na comissão.

Cristina comanda as panelas de São Jacó há tempos, e vê com apreensão o desinteresse dos jovens pelo voluntariado na capela. Responsável pelo famoso pien servido em São Jacó, ela ainda não identificou uma substituta na coordenação da cozinha.

Parceira na comissão, Carmem Brochetto é responsável pela limpeza e organização da cozinha. A voluntária não tem dúvidas de que tudo estará em ordem até o dia 13.

Combate ao desinteresse

O desinteresse das comunidades em assumir as capelas é assunto tanto nas igrejinhas quanto na cúpula da Igreja Católica de São Marcos.

A iniciativa de padre Paulo Venturin surtiu efeito imediato. Três capelas que estavam sem diretoria foram reabertas em julho: em São Jacó, no Henrique Pante e no São Luiz. As três localidades passaram a operar com comissões ou conselhos, responsáveis por manter os salões e os templos.

O que, afinal, aconteceu para que houvesse mobilização e as capelas reabrissem?

– O que houve aqui foi uma mudança de postura da paróquia. Ao invés de ficarmos parados, convocamos as lideranças – revela padre Norberto Luiz Coltro, vigário paroquial de São Marcos.

Essas retomadas pontuais das atividades, porém, não significam que o problema foi extinto.

– É um problema recorrente. Os jovens não têm comprometimento. As festas têm prazo de validade. Não é só aqui, é uma tendência. Não sou pessimista, sou realista – afirma padre Norberto.

Como minimizar o problema e driblar essa tendência?

– O próximo passo é ficar junto, fazer com que as pessoas confiem em nós. O padre tem que estar junto das comunidades – revela padre Paulo.

Programe-se*

Confira as capelas que terão festas entre agosto e dezembro:

Agosto

• Dia 13 – Festa de São Jacó (Linha São Jacó)
• Dia 20 – Festa Bom Pastor (bairro Bela Vista)
• Dia 27 – Festa da Vocações (Igreja Matriz)

Setembro

• Dia 2 – Tortelada (Santana)
• Dia 3 – Festa de São Roque (São Roque)
• Dia 10 – Festa São Judas Tadeu (bairro Francisco Doncatto)
• Dia 17 – Festa Santo Isidoro (Linha Zambeccari)
• Dia 24 – Festa N. S. do Carmo (Rosita Fundos)

Outubro

• Dia 8 – N. S. do Trabalho (bairro Progresso)
• Dia 15 – Festa de N. S. Aparecida e dos Motoristas (Igreja Matriz)

Novembro

• Dia 5 – Festa Santa Bárbara (bairro Industrial)
• Dia 12 – Festa Santo Antônio (Zamoner)
• Dia 19 – Festa Santa Catarina (Pedras Brancas)

Dezembro

• Dia 3 – Festa Menino Jesus de Praga (Henrique Pante)

* Fonte: Paróquia de São Marcos

Capelas de São Marcos

Além da Igreja Matriz, 24 capelas orbitam a área central de São Marcos.

Praticamente todas acumulam décadas de histórias, algumas são centenárias. Erguidas onde era zona rural, algumas capelas hoje estão encravadas em plena área urbana devido ao avanço da cidade. É o caso da Igreja Sagrada Família, no bairro Polo, e da Igreja Santa Catarina, em Pedras Brancas.

A maioria, porém, segue atendendo as comunidades rurais.

Nos primórdios, as igrejinhas foram erguidas em madeira, geralmente de tábuas de pinheiro. Poucas construções originais, entretanto, seguem de pé. Ao longo das décadas, as comunidades trocaram as capelinhas de madeira por templos de alvenaria.

As capelas de São Marcos*:

• São Judas Tadeu (Tapejara)
• São Cristóvão (Michelon)
• Santa Bárbara (Industrial)
• São José Operário (São José Operário)
• Menino Jesus (Henrique Pante)
• Nossa Senhora do Trabalho (Progresso)
• Sagrada Família (Polo)
• Sagrado Coração de Jesus (Santini)
• Santa Catarina (Pedras Brancas)
• São Jacó (São Jacó)
• São Roque (São Roque)
• São Luiz (Linha Humaitá)
• Nossa Senhora de Caravaggio (Tuiuti)
• São Gotardo (Marechal Deodoro)
• Santo Izidoro (Zambeccari)
• Nossa Senhora das Graças (Tiradentes)
• Santo Estanislau e Nossa Senhora do Carmo (Rosita)
• Santo Antonio Polidoros (Linha Diogo dos Santos)
• Santana (Santana)
• São Francisco Xavier (Riachuelo)
• Santo Antonio Zamoner (Zamoner)
• Nossa Senhora de Fátima (Linha Edith)
• Santo Henrique (Santo Henrique)
• Bom Pastor (Bela Vista)

*Fonte Paróquia de São Marcos