Gilberto Blume – Seria possível viver sem a Corsan?
Nos últimos três meses, a Corsan virou manchete no São Marcos Online pelo menos nove vezes – e nenhuma delas por um motivo positivo.

Nos últimos três meses, a Corsan virou manchete no São Marcos Online pelo menos nove vezes – e nenhuma delas por um motivo positivo. Reuniões, promessas, falhas no abastecimento, faturas elevadas, vazamentos… O problema persiste, e a sensação é de que nada muda de fato. Confira a coluna do jornalista Gilberto Blume
Em três meses, a Corsan foi manchete aqui do SMO em pelo menos nove ocasiões:
- “Audiência pública debate problemas no abastecimento de água em São Marcos e ações são apresentadas pela Corsan” (10 de dezembro de 2024)
- “Corsan orienta clientes a reportar alteração na coloração da água após rompimento de tubulação” (9 de janeiro de 2025)
- “Abastecimento no bairro Progresso deve ser retomado nesta tarde, informa Corsan” (10 de janeiro de 2025)
- “Procon de São Marcos e Corsan/Aegea discutem soluções para interrupções no abastecimento de água” (13 de janeiro de 2025)
- “Vazamento de água e falta de resposta da Corsan geram reclamação em São Marcos” (14 de janeiro de 2025)
- “Corsan/Aegea orienta clientes sobre faturas elevadas e destaca ações sociais” (5 de fevereiro de 2025)
- “Em reunião com a direção da Corsan, prefeito Volmir Rech negocia prazos para parcelamento de contas” (6 de fevereiro de 2025)
- “Venda de água em grande volume pela Corsan levanta questionamentos sobre o abastecimento em São Marcos” (7 de fevereiro de 2025)
- “Cinco bairros estão com abastecimento de água interrompido na manhã deste sábado” (8 de fevereiro de 2025)
Analisando de lupa, nenhuma manchete é favorável à Corsan. Não sendo favoráveis à Corsan, significa que as notícias são péssimas para o consumidor. Mesmo quando as notícias reportam reuniões e pseudo-anúncios de providências, a verdade é que a Corsan segue com a moral em baixa e em alta dívida com a cidade.
Em miúdos, nada é resolvido de fato, pois as manchetes se repetem de forma monocórdia.
Os problemas de desabastecimento de água vêm de anos, e só pioram. Contudo, até agora nenhuma autoridade foi capaz de cobrar ações concretas. Em 2024, durante a campanha eleitoral, perdeu-se boa oportunidade de trazer o assunto para o centro da sala.
Os candidatos adotaram ar de paisagem diante do assunto.
Alguns números sobre a Corsan em São Marcos:
- A área atendida pela Corsan é de aproximadamente 10 km quadrados
- Atende cerca de 6,5 mil clientes (89% da população da cidade)
- A tarifa mínima residencial é de R$ 39,19
- O metro cúbico excedente custa R$ 8,26
Os números são significativos para uma cidade deste porte.
São Marcos possui excelentes soluções para proporcionar água para consumo humano em pontos que a Corsan não chega.
Os chamados poços comunitários atendem 2,2 mil pessoas. Há 13 poços comunitários levando água potável aos moradores dos arredores da área urbana. Esses poços são administrados pelas próprias comunidades, e obedecem critérios técnicos estabelecidos pelo Ministério da Sáude.
Os poços comunitários são tratados com a solenidade que merecem.
Pedras Brancas, por exemplo, se exibe toda orgulhosa com a água extraída dos subterrâneos do distrito. Pioneiro em poços comunitários na cidade, o sistema de Pedras Brancas funciona há 45 anos.
Não é exagero afirmar o que o morador do interior, sem a Corsan, é mais feliz do que o morador urbano que depende da Corsan.
Essas experiências comunitárias poderiam ser avaliadas e, por que não?, implantadas na área urbana.
Naturalmente uma virada de chave dessa grandeza requer estudos, conversas, investimentos, estudos de contrato e uma infinidade de outras exigências jurídicas, estruturais etc.
O principal, porém, o município possui: experiência de prospectar e distribuir água potável sem participação alguma da Corsan.
Tanto dentro como fora da prefeitura há pessoas capacitadas para conduzir o processo e, quiçá, minimizar os problemas de abastecimento que atormentam a cidade. E a Corsan? Além de seguir sendo pressionada para entregar um serviço minimamente digno, a Corsan poderia ser convidada a participar dessa transição e, quem sabe, lavar a lama que tanto suja o nome da companhia.
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