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Especialistas descrevem cenário de retrocessos na educação no RS

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Atualizado em 12/07/2022 às 08:07, por Equipe SMO.

Especialistas descrevem cenário de retrocessos na educação no RS

A situação piorou bastante nos dois anos da pandemia e as séries iniciais foram as mais afetadas, com perdas equivalentes a dez anos de estudos

A Comissão Especial para monitorar o Plano Estadual de Educação realizou nesta segunda-feira (11) sua primeira audiência pública para fazer uma análise qualitativa do cumprimento das 12 metas estipuladas pela legislação. Nas duas semanas anteriores, o colegiado, que é presidido pela deputada Sofia Cavedon (PT), apresentou índices referentes às metas relacionadas à universalização da educação infantil e do ensino fundamental, alfabetização na idade certa, ensino médio, educação em tempo integral, qualidade de ensino, superação de desigualdades, educação de jovens adultos, valorização das diferenças e ensino profissionalizante. “Nas duas reuniões técnicas, analisamos os números. Hoje, queremos fazer uma escuta qualitativa, que tenha como eixos o acesso, a permanência e a superação das desigualdades”, explicou a parlamentar.

Durante quase três horas, especialistas na área e autoridades se revezaram, virtual e presencialmente, na apresentação de cenários pouco otimistas. A própria representante da Secretaria de Estadual de Educação, Salete Albuquerque, reconheceu que a situação piorou bastante nos dois anos da pandemia. Tanto que sugeriu que “se reaprenda a olhar os dados para ter a real dimensão do que se perdeu em termos de aprendizagem, avanços e questões socioemocionais”. Para ela, só o censo deste ano poderá mostrar o tamanho do prejuízo.

Citando dados de avaliação realizada pela Seduc, Salete afirmou que as séries iniciais foram as mais afetadas, com perdas equivalentes a dez anos de estudos. Por outro lado, revelou que a procura por matrículas na rede estadual, que vinha caindo nos últimos anos, aumentou em 2022. São 61 mil novos alunos nas escolas estaduais neste ano.

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Coordenadora do Grupo de Políticas Públicas para o Ensino Médio e professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Mariana Bairros afirmou que a situação é de “profundo retrocesso”, especialmente, em relação às metas voltadas aos jovens de 15 a 17 anos, para os quais não há políticas para garantir a permanência na escola. Revelou também que um terço dos que integram o segmento dos 19 aos 24 anos não conseguiu concluir o ensino médio. “O Brasil abandonou a perspectiva de direitos, vive um apagão de dados e não tem políticas para essas juventudes”, sintetizou.

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Desfinanciamento

A professora Maria Luíza Flores, representante da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e do Fórum Gaúcho da Educação Infantil, considera que a situação só não é pior, em termos de acesso, porque a taxa de natalidade vem caindo no Brasil. Para ela, o retrocesso verificado nos últimos anos está diretamente ligado ao desfinanciamento do setor, cujo maior símbolo é a Emenda Constitucional 95, que congela gastos sociais por 20 anos.

Em nome do Fórum da Educação de Jovens Adultos (EJA), Fernanda Paulo denunciou o desmantelamento das políticas públicas voltadas para jovens adultos no Rio Grande do Sul. “Nosso estado teve avanços que foram abortados por governos impopulares. Precisamos retomar a construção de um projeto político-pedagógico de estado para este público”, defendeu.

Já o secretário-geral do Fórum pela Inclusão Escolar, Marco Aurélio Ferraz, ressaltou que acesso e permanência “andam juntos quando se trata de educação especial”. Ele alertou que, para o cumprimento das metas nesta modalidade, é necessário investir em formação continuada dos professores e de monitores, além da adoção do regime de colaboração pelo estado e municípios.

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A defensora pública Andrea Paz afirmou que a Defensoria Pública vem atuando na construção de acordos extrajudiciais, especialmente para garantir vagas na educação especial e para assegurar monitores para crianças com algum tipo de deficiência. 

 A comissão especial tem prazo para concluir seus trabalhos até o início de outubro.