Educação Infantil e a Fase das Mordidas
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Uma dica muito importante para pais/educadores é que quando presenciarem a criança mordendo, afaste-o da situação e demonstre que aquilo não é aceitável
O presente artigo trata das Mordidas na Primeira Infância, um assunto muito importante dentro do cenário infantil, principalmente quando este cenário é o ambiente escolar, visto que é onde as crianças passam a maior parte do dia e, também, onde convivem com seus semelhantes, isto é, outras crianças.
Sigmund Freud, médico neurologista austríaco, considerado o pai da psicanálise, descreve o desenvolvimento psicossexual em 5 fases: oral, anal, fálica, latência e genital. A primeira fase ou a fase oral, vai do nascimento até os 24 meses da criança e nessa fase os pequenos manifestam descontentamento, alegria e outras emoções por meio do corpo e, até por volta dos dois anos de idade, a boca é o que mais proporciona descobertas, afinal, a criança está descobrindo o mundo por meio da boca. Essa fase é um gatilho para a presença da mordida na infância.
Nesse sentido, este tema é muito delicado de ser abordado pois no momento que isso acontece de um lado está a criança que mordeu e do outro lado a criança que foi mordida. É uma situação em que o profissional precisa intervir, pois as crianças são muito pequenas e ainda não conseguem resolver pequenos conflitos, o professor neste momento tem que socorrer quem foi mordido e ao mesmo tempo conversar com a criança que mordeu e tentar entender o motivo que a levou a agir dessa forma, é de suma importância conversar de forma simples e clara para que a mesma não volte a morder, que precisa tratar bem, com carinho e mostrar que a criança machucada fica triste e que chora por ter sentido dor.
Ainda segundo o teórico Jean Piaget, essa etapa sensório-motora é caracterizada por um movimento de ação e reação, uma vez que o pensamento está à frente da linguagem e se expressar por meio do corpo é natural, assim sendo, as mordidas fazem parte da realidade da criança nesta faixa etária, uma vez que elas agem antes de pensar (por impulso) e, quando a criança morde um colega, ela não quer agredi-lo, mas obter de forma rápida algum objeto ou apenas chamar a atenção. Vale lembrar, também, que a ausência ou a restrição de movimentos (criança sem atividade ou brinquedos disponíveis) pode deixar algumas crianças mais irritadas e impacientes e isso acaba contribuindo para que as mordidas aconteçam.
Outro tópico que merece ser destacado aqui e que também podem contribuir para que essas mordidas aconteçam é que muitas vezes os pais brincam com seus filhos usando a boca,
dando pequenas mordidas nos mesmos, essas atitudes não são erradas, são uma forma de demonstrar amor, mas podem confundir as crianças, que reportam para outras crianças as
mesmas brincadeiras e como elas ainda não possuem domínio da força da mandíbula e não sabe distinguir o certo e o errado acabam por machucar os colegas.
Uma dica muito importante para pais/educadores é que quando presenciarem a criança mordendo, afaste-o da situação e demonstre que aquilo não é aceitável. É preciso chamar a
atenção para que não vire um hábito, por menor que a criança seja ela vai entender que aquilo não agradou ninguém e, uma dica para os pais de crianças que são mordidas é tentar
compreender que hoje seu filho foi mordido, mas que talvez amanhã ela venha a morder alguém. As crianças pequenas são imprevisíveis e isso faz parte da idade.
Com o tempo seu filho provavelmente seguirá os instintos para se defender na convivência em grupo na escolinha. Mas, caso isso não aconteça e você note que ele sempre é alvo das mordidas, ensine-o a se defender e se impor. Não de forma violenta, incentivando que ele também morda ou bata no colega, mas sim orientando que ele conte à professora, ou que fique longe da criança que sempre o morde.
Cabe aos pais, portanto, estabelecer limites e mostrar a importância de respeitar o próximo. A escola, por sua vez, deve mediar as relações entre as crianças, para minimizar sentimentos negativos expressos por “quem mordeu e quem foi mordido”. O que não se pode é ignorar essa fase do desenvolvimento infantil, como o próprio nome diz, é uma fase e vai passar!
Artigo das professoras da Escola Infantil Pingo de Gente
Jaqueline Becker de Moraes e
Rosângela Teresinha Gobbi Zafonatto