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Criança tem direito de escolha?

Respeitar as crianças é cuidar delas, tratá-las bem, não ofendê-las, ouvi-las e aceitar que podem não gostar daquilo que queremos que gostem.

Atualizado em 03/11/2023 às 15:11, por Equipe SMO.

Criança tem direito de escolha?

Respeitar as crianças é cuidar delas, tratá-las bem, não ofendê-las, ouvi-las e aceitar que podem não gostar daquilo que queremos que gostem. Respeitar as crianças é dar-lhes tempo e espaço para a sua individualidade

No decorrer da vida nos deparamos com inúmeras situações onde visivelmente o adulto não respeita a vontade da criança, talvez isso não aconteça por maldade e sim por uma cultura em que se aprendeu que criança tem apenas que obedecer, aceitar todas as escolhas que o adulto fizer para ela, pois o adulto sim sabe o que é  correto e o que é melhor para a criança.

Claro, existem situações que são de total responsabilidade do adulto decidir, pois a criança não tem o conhecimento e maturidade para isso. Porém existem muitas situações que cabe a criança decidir, optar, escolher… ao adulto em muitas dessas situações caberá orientar, explicar, apontar caminhos.

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Para muitos que estão lendo pode parecer absurdo ou sem sentido o que aqui escrevemos, então vamos tentar exemplificar para melhor explanar, explicar, onde queremos chegar.

Nosso ponto de partida é simples: Não faça à uma criança, aquilo que não gostaria que fizessem pra ti!!! 

Por exemplo você gosta quando teu chefe, teu cônjuge ou qualquer outra pessoa fala contigo aos gritos? Não precisamos escrever a resposta, não é mesmo. Então porque gritamos tanto com as crianças?

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Outra situação, quando um adulto derruba um copo com água por exemplo, imediatamente ouvimos alguém dizer: “isso acontece” “não foi nada, fica tranquilo acidentes acontecem” e assim por diante. Quando uma criança que muitas vezes ainda está desenvolvendo suas habilidades motoras, que tem mãos tão pequenas para segurar um copo, deixa o mesmo cair, ouvimos as mesmas falas acolhedoras, confortantes ou imediatamente ouvimos alguém gritando, xingando, humilhando e diminuindo aquela criança? O que era apenas um acidente, parece tornar-se um crime, algo que vai acabar com a humanidade, tamanho descontrole e fúria do adulto que tinha limpado o chão, colocado a toalha limpa na mesa e assim por diante.

Vamos falar sobre algumas situações que acreditamos acontecer mais no ambiente escolar, acreditamos, porém situações como essas ocorrem em vários locais. 

Porque tem que haver um horário para fazer xixi? Como adultos temos controle sobre nosso aparelho urinário e decidimos exatamente em que momento vamos precisar ir ao banheiro? A resposta é clara e objetiva, não temos esse controle, podemos até segurar um pouco quando temos vontade de ir ao banheiro, mas chega um momento que nossa bexiga não aguenta mais. Então porque nossas crianças tem que ter horário para ir no banheiro, para tomar água, para esticar as pernas? Crianças são seres humanos, tem necessidades fisiológicas e cabe a nós adultos aprender a respeitar o ser que ali está.

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Porque uma criança é obrigada a comer determinada comida mesmo que não agrade o seu paladar? Como adultos não fizemos essas escolhas? Obviamente que vamos apresentar para criança alimentos que façam bem, que supram suas necessidades, porém, se a criança gosta de comer arroz puro porque obrigá-la a comer arroz com feijão, se a criança não gosta do grão do feijão porque motivo não podemos servir a ela apenas o caldo do feijão?

Outra situação, existe apenas um brinquedo daquele modelo específico, e uma criança está concentrada brincando com o mesmo, então outra criança resolve que quer brincar com aquele referido brinquedo. É correto fazer com que a criança que está brincando pare de brincar para emprestar o brinquedo ao colega? Qual o papel do adulto nessa situação?

Pois é, em um primeiro momento talvez a resposta seja que sim, que a criança tem que emprestar imediatamente, porque assim vai aprender a dividir, a ter empatia, a ser solidário. Será mesmo que essas virtudes serão desenvolvidas dessa maneira?

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Como adulto, não seria nosso papel explicar ao colega que naquele momento o coleguinha está brincando e que quando ele não estiver mais com vontade de brincar, ele irá entregar o brinquedo em suas mãos e orientar a criança que está brincando a fazer isso? Na vida de adultos abrimos mãos do que temos ou gostamos só porque alguém quer aquilo? Na vida de adultos não temos o direito de ter algo só nosso, porque outra pessoa quer ter exatamente o que temos? Na vida de adultos temos tudo o que queremos de imediato, a qualquer custo, mesmo que isso faça infeliz outra pessoa? Pois é, temos que trabalhar isso com as crianças e ao fazer o colega que quer o brinquedo esperar um pouco, estamos lhe ensinando que na vida as coisas não acontecem na hora e do jeito que queremos, que precisamos ter paciência e que para satisfazer nossas vontades não podemos passar por cima de outras pessoas, como obrigar o colega parar de brincar para lhe dar o brinquedo.

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Poderíamos ficar horas falando sobre decisões que podemos deixar para a criança tomar. Decisões que as vezes podemos orientar, mas deixar que ela possa fazer a escolha, como por exemplo na situação do brinquedo, enquanto educadora vou explicar pra criança que está brincando que quando ela não quiser mais brincar ela deve entregar o brinquedo para aquele determinado colega e caberá à criança a decisão do momento de fazer isso. Por experiência própria, acredite você ou não, o brinquedo é passado para o colega muito antes do que se esperava, pois nada foi imposto e a criança foi respeitada como um ser que pensa, que tem vontades próprias e sim, a sua maneira, já vivi a empatia, a solidariedade.

Como nos diz Fábio Gonçalves, respeitar as crianças deve ser a máxima de qualquer profissional de educação. Não há educação sem respeito. Respeitar as crianças é cuidar delas, tratá-las bem, não ofendê-las, ouvi-las e aceitar que podem não gostar daquilo que queremos que gostem. Respeitar as crianças é dar-lhes tempo e espaço para a sua individualidade.

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Nós vamos um pouco além, acreditamos que respeitar as crianças deve ser a máxima de qualquer adulto que conviva com elas. Precisamos aprender a escutá-las de verdade, a compreender que mesmo tão pequenas e frágeis elas já têm sim suas preferências. Preferências essas, que não irão prejudicar ninguém, que não irão fazer mal a ninguém, que muito pelo contrário, quando respeitadas irão estar contribuindo de forma muita significativa para a formação de um ser que na vida adulta terá autonomia, saberá fazer suas escolhas, não se omitirá mediante os fatos e circunstâncias, que saberá respeitar o próximo e até onde vai o seu limite. 

 Professoras:

Fabiana Dutra de Oliveira

Paula Fernanda Bernardo da Silva

Escola Municipal de Educação Infantil Pingo de Gente