Conforme a Agência Internacional de Energia, Ondas de calor e crescimento econômico em alguns dos principais países do mundo impulsionam maior consumo; energia solar irá liderar a expansão da oferta

A demanda global por eletricidade deverá acelerar nos próximos dois anos, impulsionada por crescimento econômico, ondas de calor e eletrificação de setores como o transporte, de acordo com um relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). A estimativa é de um avanço de 4% na demanda mundial em 2024 e novamente em 2025. Em 2023, essa taxa foi de 2,5%.

Além disso, o uso de fontes renováveis deverá expandir rapidamente no período. A participação na oferta global de eletricidade deve subir de 30% em 2023 para 35% em 2025. Nesse contexto, a geração de eletricidade a partir de fontes renováveis deverá superar pela primeira vez a produção de usinas de carvão, cuja representatividade cairá de 36% para 33% no mesmo período.

A energia solar fotovoltaica deverá atender quase metade do crescimento da demanda global por eletricidade em 2024 e 2025. Combinada com a energia eólica, essa fonte ajudará a atender três quartos do incremento no mesmo período. A participação conjunta das duas fontes deverá avançar de 13% em 2023 para 18% em 2025.

Por outro lado, em 2024, a geração dessas duas tecnologias deverá disponibilizar 750 TWh e mais de 900 TWh em 2025. Esses números destacam a crescente importância das energias renováveis no cenário global de eletricidade.

Economia e planeta aquecidos

Conforme a IEA, algumas das maiores economias do mundo estão registrando crescimento notável no consumo de eletricidade. Por exemplo, é esperado que a demanda na Índia avance 8% neste ano, resultado da atividade econômica acelerada e de fortes ondas de calor. Além disso, a China também deverá ter um crescimento superior a 6%, devido à atividade robusta na indústria, incluindo a fabricação de equipamentos de energia limpa.

Além disso, após um declínio em 2023, a demanda por eletricidade deverá mostrar recuperação nos EUA, com um incremento de 3%, impulsionado pelo crescimento econômico, aumento da demanda por ar-condicionado e expansão do setor de data centers. Em contraste, a Europa verá uma retomada mais modesta, com a demanda avançando em 1,7%, após dois anos consecutivos de contração em meio aos impactos da guerra na Ucrânia e à crise de energia.

Em muitas partes do mundo, o crescente uso de ar-condicionado seguirá como um importante impulsionador da demanda por eletricidade. Diversos locais, incluindo o Brasil, sofreram com a ocorrência de intensas ondas de calor no primeiro semestre de 2024, o que causou impactos ao sistema elétrico.

Além disso, a IEA destacou que a ascensão do uso da inteligência artificial cria um ponto de atenção em relação à demanda elétrica dos data centers. O relatório indica a existência de muitas incertezas sobre o tema, incluindo o ritmo de desenvolvimento, os diversos e crescentes usos da inteligência artificial e o potencial para melhorias na eficiência energética.

Portanto, é fundamental que as economias globais se preparem para essas mudanças, adotando medidas para assegurar a sustentabilidade e a resiliência de seus sistemas elétricos.